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Zerar imposto para alimentos importados não resolve inflação, enfraquece o agro e pode aumentar mais os preços

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Essa incoerência evidencia que as decisões do governo não seguem uma lógica econômica consistente, mas sim interesses políticos e tentativas desesperadas de conter a insatisfação popular com a inflação.

O governo Lula anunciou a isenção do imposto de importação sobre oito produtos alimentícios, incluindo café, açúcar, milho, óleo de girassol, sardinha, biscoito, macarrão e carnes. A justificativa oficial é conter a alta dos preços dos alimentos no Brasil, mas especialistas apontam que a medida pode trazer mais prejuízos do que benefícios, tanto para o agronegócio quanto para o consumidor.

Produtores nacionais criticaram a decisão, alegando que a concorrência com produtos estrangeiros, que não arcam com os mesmos encargos e custos de produção nacionais, pode gerar um impacto negativo na produção interna e provocar demissões no setor. O Brasil é um dos maiores exportadores de alimentos do mundo, e reduzir impostos para importados pode enfraquecer a cadeia produtiva local, afetando diretamente pequenos e médios produtores que não têm margem para competir com preços subsidiados de outros países.

Além disso, a redução do imposto de importação não significa necessariamente uma queda expressiva nos preços ao consumidor. Ainda há outras taxações, como ICMS e custos logísticos, que encarecem os produtos no mercado interno. Ou seja, a expectativa de que essa medida resolverá o problema da inflação dos alimentos não se sustenta, já que a principal causa da alta dos preços não é a taxação sobre importados, mas sim a política econômica do governo, marcada por aumento de gastos e expansão descontrolada do Estado.

A decisão também revela uma grande contradição do governo Lula. Recentemente, o Planalto elevou a tributação sobre compras internacionais de plataformas como Shein e Shopee, sob o argumento de proteger a indústria nacional. Agora, ao reduzir impostos para alimentos importados, adota exatamente a postura oposta, prejudicando diretamente os produtores rurais brasileiros. Essa incoerência evidencia que as decisões do governo não seguem uma lógica econômica consistente, mas sim interesses políticos e tentativas desesperadas de conter a insatisfação popular com a inflação.

Outro fator preocupante é o fato de que Lula delegou o anúncio da medida ao vice-presidente Geraldo Alckmin, evitando se comprometer diretamente com a decisão. Essa estratégia tem sido comum no governo, em que ministros e aliados assumem a responsabilidade por medidas impopulares, enquanto Lula só aparece para anunciar ações que podem render dividendos políticos. Isso reforça a percepção de que até o próprio governo tem dúvidas sobre os impactos reais da medida e teme o descontentamento do setor agropecuário, um dos mais afetados pela política petista.

Especialistas alertam que a solução para a inflação dos alimentos não passa por isenções pontuais de impostos, mas sim por uma política fiscal responsável. Enquanto o governo continuar gastando além da arrecadação, expandindo a máquina pública e criando novas despesas sem contrapartida econômica, o impacto sobre os preços seguirá sendo sentido pela população. No curto prazo, a medida pode até proporcionar um pequeno alívio para alguns produtos específicos, mas sem mudanças estruturais, os preços continuarão subindo e os efeitos serão limitados.

No fim das contas, a isenção de imposto para importados é mais um paliativo que não ataca o verdadeiro problema: o descontrole fiscal do governo. Enquanto Lula insiste em ampliar gastos e buscar soluções superficiais, a população continua pagando a conta de uma inflação impulsionada pelo próprio Estado. O agronegócio, motor da economia brasileira, mais uma vez é deixado de lado em nome de medidas que, na prática, podem trazer mais prejuízos do que benefícios ao país.

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