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Neste sábado (15), o artista Antônio de Pádua Nobre recebe público para inauguração de pavimento superior destinado a apresentações de artes cênicas

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Inauguração de teatro marca nova era para a Galeria do Pádua

Começa um novo tempo para a Galeria do Pádua. E especialmente, para a mente inquieta por trás dela. O artista Antônio de Pádua Nobre celebra a inauguração do tão sonhado teatro. Sonho alimentado por mais de 35 anos, desde que festejou o lançamento da pedra fundamental.

Quem passa apressado em uma das mais vitais vias da cidade, a avenida Miguel Sutil, não podia imaginar a revolução silenciosa que estava em curso. No pavimento superior da mais singular galeria de arte de Mato Grosso, Pádua construiu um teatro com 280 lugares que promete ser um dos mais acessados por artistas e público, a partir da inauguração, que ocorre neste sábado (15), às 18h.

“Celebramos a pedra fundamental, a primeira laje, a segunda, a galeria, o quintal da galeria. E chegamos ao topo. O tempo todo eu trabalhava com essa ideia de chegar nesse ponto, de atingir o teatro. E agora, chegamos. Quero que essa casa seja tal qual o Taj Mahal”, brinca. “Vai ser assim: se alguém vier para Cuiabá e não visitar a Galeria do Pádua, vai ser como ir à Roma e não ver o papa”.

E ele fala isso com a tranquilidade do imigrante nordestino que chegou a Cuiabá há 42 anos, quando ocupou o primeiro espaço criativo na avenida Getúlio Vargas e hoje mantém um prédio que é patrimônio cultural da cidade. Difícil questionar esse título. Muitas gerações foram alcançadas nos diversos eventos realizados no espaço.

“Esse processo todo começa quando saio da faculdade no Rio de Janeiro e venho para Cuiabá. Cheguei aqui e disse: ‘vou construir um centro de cultura’. Nessa época, não tinha recurso, só uma ideia na cabeça. Mas eu tinha a ideia fixa e acredito muito nisso de sonho. Fui servo dele. Acordava cedo, tomava banho, tomava café e começava a trabalhar”. Na galeria, Pádua mantém também o ateliê. Referência das artes plásticas, o escultor atende encomendas que chegam de todas as partes do país e do mundo. Foi às custas de muitos trabalhos que ele pôde erguer o espaço e manter ali também, uma exposição permanente de suas peças. E é claro, fazer da galeria, mais uma obra de arte. Única.

Tem a impressão digital de Pádua em cada centímetro daquele local. Quem não conhece ainda a Galeria, tem uma boa oportunidade de visita-la na inauguração do teatro. A tour começa com a exposição de esculturas na parte externa e tem, no primeiro pavimento, uma mostra ainda mais vultuosa. É importante manter os olhos atentos para as paredes também, tem arte em tudo. Na escada e corrimão ornamentados que levam ao teatro, por exemplo, em certo ponto a cobertura é feita com uma criação única do artista: um “tecido” de concreto que tem como base uma tela que preencheu à mão.

E ao chegar ao teatro, saltam aos olhos o teto, as janelas, as cadeiras. E como foi para criar tudo isso que vemos agora? “Precisa de um pouco de coragem”, sorri. “Além de ser alto, a dinâmica, a estética, essas coisas todas, esbarram também nos valores. Gesso, madeira, tudo tem um preço exorbitante e fora que a gente sai da mesmice. Pensei, ‘vamos criar algo diferente’. Então, o teto é com fibra e armação metálica de ferro, são placas removíveis. E as cadeiras, eram muito caras, então, fizemos uma por uma. Para climatizar, tem que fechar. Mas fechar com o quê? Posso fazer uma caixa preta como os teatros costumam ser, mas eu precisava ver o Parque Mãe Bonifácia. Então, fizemos as janelas e completamos com mosaico de espelhos”.

Ele explica que os arquitetos Osman Pierre Junior e Elvira Xavier desenvolveram a estrutura como ele pensou. “E aí contamos com uma empresa que executou a estrutura, do alicerce ao pináculo”. Vale ressaltar que há ainda no projeto, um mirante para o parque, que fica na parte de trás da galeria.

Numa análise do “combo”, ao ser questionado sobre a estética do prédio, Pádua conta que o associam ao estilo do famoso arquiteto espanhol, Antoni Gaudí. “Eu fui a Barcelona e acho que tem tudo a ver. Ele desmontou aquela mesmice e começou a botar umas coisas por cima. Tem muito mosaico também. E então eu pensei, sim, parece muito com Gaudí. Já me chamaram de Gaudí do Cerrado, Gaudí Tupiniquim”, se diverte.

“Mas a minha realidade é completamente diferente da dele. É um homem rico, numa cidade rica, próspera, pujante. Já eu, sou um migrante nordestino que saiu de Quixeramobim (CE), carregando um sonho”.

É notório também que a partir da reutilização de materiais para fazer arte, Pádua exalta a importância da sustentabilidade. “Uso ferro, já usei sucata, vidro quebrado, caco de cerâmica, de espelhos… Eu acho lindo de noite, quando refletem as luzes dos faróis dos carros”.

Enfim, é um novo tempo para Pádua. “Esse é um espaço de fusão e difusão e se tem uma coisa que eu também quero muito, é que seja ocupado pelas crianças. Que elas tenham a oportunidade de aprender sobre a arte, de aprender a fazer arte. Quero esse lugar ocupado por pessoas, que elas se conectem a partir da música, do teatro, das artes plásticas, do cinema”.

Serviço:

Inauguração do Teatro da Galeria do Pádua

Sábado (15), a partir das 18h

Endereço: Av. Miguel Sutil, 9803, Duque de Caxias

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