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Japão, EUA e Reino Unido propõem sanções contra Coréia do Norte

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O projeto, elaborado pelos japoneses e que ainda pode ser alterado, também condena o teste com vários mísseis realizado pelos norte-coreanos e pede à Coréia do Norte que regresse ao processo de negociações sobre seu programa nuclear e que envolve seis países.

Nenhuma votação deve ser realizada na quarta-feira, dia em que o Conselho de Segurança reunia-se a portas fechadas para discutir o projeto.

O documento, lido para a Reuters, exige que o país asiático “interrompa imediatamente o desenvolvimento, os testes e a proliferação de mísseis balísticos” e reafirma uma moratória anterior no lançamento de mísseis aceita pela Coréia do Norte em 1999.

A nova resolução impediria a “transferência de recursos financeiros, itens, materiais, produtos e tecnologia para fins que poderiam contribuir com os programas de mísseis e de outras armas de destruição em massa (da Coréia do Norte)”.

O embaixador norte-americano nas Nações Unidas, John Bolton, afirmou que o Conselho de Segurança deve enviar um “forte e unânime sinal” de que os testes realizados pela Coréia do Norte são inaceitáveis. Thomas Schieffer, embaixador dos EUA no Japão, afirmou que os EUA não descartam a possibilidade de ação militar contra a Coréia do Norte, em retaliação pelos testes. “Dissemos antes de os mísseis serem lançados que poderíamos considerar todas as opções e pensaremos sobre o processo neste momento”, afirmou.

Mas em Washington, o porta-voz da administração Bush diz que os EUA não devem permitir que a questão transforme-se em uma disputa bilateral, entre o país e a Coréia do Norte. A Casa Branca ressaltou, entretanto, estar ativamente engajada com seus aliados em uma resposta aos testes.

A Rússia já manifestou ser favorável a uma declaração presidencial, que seria mais branda do que a resolução japonesa.

O Conselho de Segurança da ONU estava reunido nesta quarta-feira, em uma sessão emergencial a portas fechadas, para estudar uma resposta aos lançamentos de mísseis norte-coreanos.

Reação internacional

A Coréia do Norte realizou nesta quarta-feira testes de mísseis, lançando, entre os quais, um com capacidade de atingir o litoral norte-americano, ocasionando uma onda de condenações internacionais e levando o Conselho de Segurança das Nações Unidas a marcar reunião de emergência.

Depois que os Estados anunciaram o lançamento de seis mísseis na madrugada desta quarta-feira, o ministério japonês da Defesa indicou que um sétimo míssil havia sido disparado por volta das 17h20 locais (05h20 de Brasília).

O Estado-Maior do exército russo informou que teriam sido dez os mísseis testados. Todos os projéteis caíram no mar do Japão pouco depois do disparo.

“Eles não representam ameaça direta para o território americano e o sistema de defesa antimísseis não foi utilizado”, indicaram militares norte-americanos.

Seis mísseis eram de curto alcance e um outro, um Taepodong-2, de alcance até 6.700 km, suficiente para alcançar o Alasca e o Havaí. O Taepodong-2, no entanto, se perdeu no mar 40 segundos após seu lançamento, segundo Seul.

Os sistemas russos de alerta antimísseis registraram até 10 disparos, declarou nesta quarta-feira o chefe do Estado-maior do exército russo Iuri Balouievski, citado pela agência Interfax. Estas informações não foram confirmadas.

Os lançamentos geraram reações em todo o mundo, sobretudo no vizinho Japão, que conseguiu obter uma reunião do Conselho de Segurança para esta quarta-feira às 14h00 GMT (13h de Brasília). Os Estados Unidos foram firmes em sua condenação. “Nós estamos conversando com parceiros internacionais sobre as próximas medidas a serem adotadas”, declarou o porta-voz da Casa Branca, Tony Snow.

A Rússia manifestou sua séria preocupação, pedindo a Pyongyang moderação e convidando o embaixador da Coréia do Norte. Moscou pediu, como várias outras capitais, respeito à moratória sobre os testes de mísseis que a Coréia do Norte decretou em 1999.

Após um dia de silêncio, Pequim reagiu na noite de quarta-feira, dizendo-se muito preocupado, mas, ao contrário dos demais países, não emitiu exatamente uma condenação. “Nós esperamos que as partes envolvidas mantenham a calma e sejam moderadas”, declarou o ministério chinês dos Assuntos Estrangeiros.

A França criticou os disparos, acusando a Coréia do Norte de ser um “ator maior da proliferação dos mísseis no mundo”. Londres denunciou uma provocação que “só aumenta a tensão na região”.

A Otan pediu “uma resposta firme da comunidade internacional a estes atos de provocação”. A Comissão européia condenou firmemente os disparos, dizendo que “intensificam ainda mais as pressões sobre a estabilidade regional”.

A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, passou a quarta-feira conversando com seus colegas e o secretário de Estado adjunto para Assuntos Asiáticos, Christopher Hill, deve viajar à Ásia para decidir as medidas que serão adotadas junto aos parceiros dos Estados Unidos nas negociações a seis: as duas Coréias, a China, a Rússia e o Japão.

O regime norte-coreano se recusa desde novembro a voltar à mesa de negociações, que tentam em vão há quase três anos obter sua desistência dos programas nucleares.

O Japão, que já estava preocupado com o disparo de míssil norte-coreano em 1998, prometeu medidas vigorosas. Tóquio pediu à China e à Coréia do Sul, com as quais tem relações difíceis, que apóiem seus esforços para obter uma resolução do Conselho de Segurança da ONU.

O premiê japonês, Junichiro Koizumi, no entanto, destacou “que nada pode ser resolvido sem diálogo”. Seul advertiu que a Coréia do Norte “deve ser a responsável de todas as conseqüências dos disparos e ameaçou abandonar sua ajuda humanitária ao Norte”, que sofre de um escassez alimentar crônica.

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