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Igreja lamenta que Itália não tenha uma classe dirigente à altura dos desafios

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A Igreja Católica ainda é um fator de notável influência na Itália, apesar do abandono da prática religiosa e da liberação dos costumes. Daí o impacto de sua mensagem ante a atual crise política: é lamentável que o país careça de uma classe dirigente à altura de seus desafios.

A Igreja optou por um canal indireto, mas ninguém tem dúvida que a reflexão é compartilhada pela alta hierarquia católica e que ela queria lançá-la neste momento. O mensageiro foi um laico relevante, Edoardo Patriarca, secretário do comitê organizador da Semana Social da Igreja italiana, que terá lugar em outubro na região de Reggio Calábria.

Patriarca adiantou a filosofia do documento em preparação, Católicos na Itália de Hoje. Trata-se de uma agenda de esperança para o futuro do país. Ele falou sobre o documento durante entrevista à Rádio Vaticano, reproduzida no domingo pelos principais jornais do país. Segundo o líder católico, a Itália está vivendo “um momento difícil, dramático em certos aspectos”.

“Hoje a Itália parece um país sem classe dirigente, sem pessoas que em seu papel político, empresarial, cultural saibam oferecer à nação uma visão, objetivos compartilhados e compartilháveis”, afirmou Patriarca. Ele reprovou os políticos por não cumprirem suas funções, não saberem dar uma perspectiva a médio e longo prazo, e também lamentou a incapacidade de outros atores da sociedade civil de dar esperança ao país.

Crise ética – Os últimos editoriais do jornal dos bispos, Avvenire, seguiam uma linha parecida e foram duros. Denunciaram a “arrogância verbal” e a “auto-suficiência” entre os líderes políticos, ao mesmo tempo em que advertiam de que a crise é, sobretudo, ética. O diário constatou a erosão do sistema bipartidário. Também houve críticas implícitas às últimas festas do primeiro-ministro Silvio Berlusconi em sua residência romana.

Berlusconi, em duas entrevistas, expressou sua confiança de que poderá seguir governando sem necessidade de antecipar eleições. O primeiro-ministro também descartou que se forme um “governo técnico” (sem ele à frente) para gerir a conjuntura. Il Cavaliere tratou de transmitir uma sensação de estabilidade ante o temor de que os mercados financeiros, nervosos pela incerteza, façam a Itália pagar pela situação. É sabido que o ministro da Economia, Giulio Tremonti, o membro mais poderoso do governo neste momento, está inquieto pelas consequências das brigas na maioria de centro-direita.

Os efeitos da divisão no partido de Berlusconi, o Povo da Liberdade (PdL), depois da expulsão de Gianfranco Fini – presidente da Câmara dos Deputados – e de seus seguidores poderão ser vistos em breve. Nesta segunda-feira deve ser decidido se a moção de censura ao subsecretário de Justiça, Giacomo Caliendo, será votada esta semana. Caliendo é investigado por sua ligação com uma suposta loja maçônica, acusada de manipular as instituições e pressionar altos tribunais. Se os partidários de Fini votarem pela destituição de Caliendo, significa que a ruptura vai se transformar em guerra total, com perigo iminente de queda do governo.

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