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Após protestos, Parlamento pede morte de opositores no Irã

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O presidente do Parlamento iraniano, Alí Larijani, e os deputados da maioria conservadora lançaram nesta terça-feira violentos ataques verbais contra os líderes da oposição, um dia após protestos contra o governo.

Ao menos uma pessoa morreu e dezenas ficaram feridas na manifestação desta segunda-feira, que recebeu apoio dos Estados Unidos. Nesta terça-feira, contudo, o clima é de tranquilidade nas ruas de Teerã e não há sinais de uma nova manifestação.

Os deputados iranianos gritaram “morte aos Estados Unidos”, “morte a Israel” e “morte a [Mir Hossein] Mousavi e Mehdi Karroubi”, líderes do reprimido movimento reformista.

“Karroubi e Mousavi são corruptos na Terra e devem ser julgados”, disseram legisladores em comunicado citado pela agência de notícias Irna. No Irã, o crime de corrupção pode acarretar na condenação à pena de morte.

Larijani acusou ainda os EUA e seus aliados de dar apoio à oposição. “O principal objetivo dos americanos é simular os recentes eventos no Oriente Médio no Irã, para divergir as atenções desses países”, disse o presidente da Casa, em referência aos protestos que invadem o mundo árabe e que já derrubaram ditadores da Tunísia e Egito.

As autoridades iranianas acusam repetidamente os líderes da oposição de fazer parte de um plano do Ocidente para derrubar o regime islâmico. Mousavi e Karroubi negam.

PROTESTOS

Nesta segunda-feira, sites de oposição censurados dentro do Irã e agências internacionais reportaram que milhares manifestantes foram às ruas protestar contra o governo, inspirados pelos protestos no mundo árabe.

Na Praça Azadi (liberdade, em farsi), em Teerã, jovens gritavam: “morte ao ditador!” — um slogan usado contra o presidente Mahmoud Ahmadinejad após as eleições presidenciais de 2009, que acusam de serem fraudulentas.

Os manifestantes, reunidos apesar de proibição, realizaram os primeiros protestos contra o governo em Teerã desde 11 de fevereiro de 2010, quando ativistas foram às ruas para lembrar o 31º aniversário da Revolução Islâmica.

Eles enfrentaram forte resistência da polícia e forças de segurança iranianas. O site de oposição Rahesabz.net informou que os confrontos foram registrados perto da Universidade de Teerã e na avenida que liga a Praça Azadi à Praça Enghelab. Há informações de que bombas de gás foram lançadas pela polícia enquanto manifestantes gritavam “Ya Hossein, Mir Hossein”, um slogan de 2009 em apoio a Mousavi.

O site Rahesabz.net também reportou gritos contra o líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, com gritos de “Ben Ali Mubarak, é sua vez Ali!”.

Um manifestante foi morto a tiros por um policial e dezenas ficaram feridos, segundo confirmação das agências de notícias iranianas. O site Kaleme.com afirmou que “centenas de manifestantes foram presos em Teerã”. Não houve confirmação oficial de nenhuma prisão.

O porta-voz do Judiciário, Gholamhossein Mohseni-Ejei, disse nesta terça-feira que “aqueles que criaram desordem pública serão confrontados firme e imediatamente”.

APOIO

Em meio aos intensos confrontos, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, disse que seu país apoia as demandas dos opositores e saudou a “coragem” e as “aspirações” dos que protestam contra o governo de Ahmadinejad. Segundo ela, a República Islâmica precisa “abrir” seu sistema político.

“Queremos para a oposição e o povo heroico nas ruas e nas cidades de todo o Irã as mesmas oportunidades que alcançaram seus homólogos egípcios na semana passada”, disse Clinton à imprensa.

“Apoiamos os direitos universais do povo iraniano. Merecem os mesmos direitos [dos exigidos pelos egípcios], que são parte de seus direitos naturais”, disse.

Ainda no domingo (13), o Departamento de Estado dos EUA começou a escrever mensagens em farsi no Twitter para dirigir-se aos iranianos e insistir na necessidade de que o Irã permita que sua população se manifeste de forma pacífica e livre, como no Egito.

No lançamento de sua nova conta no site de microblogs, @USAdarFarsi, os Estados Unidos evocaram “o papel histórico” que as redes sociais tiveram para os iranianos nos protestos, após as eleições presidenciais de 2009. “Queremos nos unir a vocês, às suas conversas diárias”, diz uma mensagem.

Estados Unidos e Irã não têm relações diplomáticas oficiais desde a Revolução Islâmica, em 1979. Washington lidera o grupo de países que acusa Teerã de manter um programa nuclear militar, acusação que os iranianos negam.

F.COM

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