Cassados pela Câmara em meio às acusações de mensalão, os ex-deputados José Dirceu (PT) e Roberto Jefferson (PTB) devem aproveitar o mês de Carnaval para tentar “ressurgir das cinzas” e readquirir seus direitos políticos – hoje eles não podem disputar eleições até 2015.
Movimentos pela anistia do petista e do petebista devem começar, em fevereiro, a coletar assinaturas para pedir que o Congresso reavalie as punições.
A articulação por Jefferson será feita pelo deputado e presidente do PTB em São Paulo, Campos Machado. Ele alega que a iniciativa é “de caráter individual, não partidário”. “A idéia é obter 1 milhão de assinaturas em São Paulo, e em agosto chegar a 1,5 milhão, para apresentar um projeto de iniciativa popular ao Congresso”, afirma. “De cada dez pessoas, muitas podem odiá-lo (Jefferson), mas há quem o ame”.
Jefferson foi o autor, em maio de 2005, das denúncias sobre pagamento de “mensalão”, pelo governo, a membros da base aliada na Câmara, para votar projetos de interesse do Planalto. Ele foi o principal acusador de Dirceu, alegando que o petista tinha conhecimento do esquema. Os dois travaram “duelo” particular no depoimento de Dirceu à Comissão de Ética. O petebista foi cassado em setembro.
No caso de Dirceu, a articulação é sigilosa. Aliados do ex-ministro da Casa Civil e ex-deputado desconversam sobre anistia. “O pedido não deve vir de político, mas da sociedade, e depois ganha apoio de parlamentares”, diz um petista. Segundo ele, manifestações de apoio incluirão pessoas conhecidas.
O petista foi cassado em dezembro de 2005, acusado de ligação com o esquema de propinas que seria comandando pelo publicitário Marcos Valério de Souza. A idéia é coletar 1 milhão de assinaturas.
Apresentados os projetos de iniciativa popular, eles devem tramitar pela Câmara e ser votados pelos deputados. O participante de uma das “campanhas” diz que houve tentativas de conversa entre os dois grupos para que os projetos andassem em pararelo. Oficialmente, a informação é negada. “Não é competição nem permuta, queremos tratar individualmente o caso do Jefferson”, diz Campos Machado.
JT