Vladimir Putin desembarca na Coreia do Norte pela primeira vez em mais de 20 anos em meio a alerta dos Estados Unidos sobre um possível acordo militar entre os dois países que pode agravar a guerra na Ucrânia.
O presidente russo, Vladimir Putin, foi calorosamente recebido na Coreia do Norte para uma cúpula com o líder Kim Jong-un, em um encontro que aumenta as preocupações internacionais sobre um possível aprofundamento da cooperação militar entre os dois países. Em sua primeira visita a Pyongyang desde 2000, Putin foi saudado com banners gigantes, multidões animadas e bandeiras russas, em uma demonstração clara da crescente proximidade entre as duas nações.
O encontro entre Putin e Kim ocorre em meio a tensões globais, com os Estados Unidos alertando para o risco de um acordo que poderia aumentar a pressão militar sobre a Ucrânia e intensificar a instabilidade na península coreana. Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022, a relação entre Moscou e Pyongyang se fortaleceu significativamente, com ambos os países enfrentando sanções internacionais.
Em sua fala inicial durante as negociações, Putin destacou a importância do apoio norte-coreano à política russa, especialmente em relação à Ucrânia.
“Apreciamos muito seu apoio consistente e inabalável à política russa”, disse Putin, conforme citado pela agência de notícias estatal russa RIA. Kim Jong-un, por sua vez, tem sido um dos poucos líderes mundiais a apoiar abertamente a guerra na Ucrânia.
Tanto os Estados Unidos quanto a Coreia do Sul afirmam ter evidências de que a Coreia do Norte forneceu mísseis balísticos e mais de 11 mil contêineres de munições para a Rússia usar no conflito contra a Ucrânia. Em troca, Kim estaria buscando apoio russo para suprir as necessidades alimentares e energéticas de seu país, além de auxílio no programa espacial norte-coreano, que enfrenta dificuldades.
Durante a cerimônia de boas-vindas na Praça Kim Il Sung, em Pyongyang, Putin e Kim foram homenageados com uma guarda de honra e uma multidão de civis, incluindo crianças segurando balões e grandes retratos dos dois líderes. Bandeiras nacionais da Rússia e da Coreia do Norte adornavam o local, destacando a simbólica aliança entre os dois países.
No entanto, a visita de Putin não se limita apenas a formalidades. O líder russo agradeceu publicamente ao governo norte-coreano pelo apoio, reforçando a aliança que ambos vêm construindo desde a última cúpula entre os dois, realizada em Vladivostok no ano anterior. “Vamos desenvolver mecanismos alternativos de comércio e resistir conjuntamente às restrições unilaterais ilegítimas”, escreveu Putin em um artigo publicado pela mídia norte-coreana.
O evento gerou reações dos Estados Unidos, com o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, expressando preocupações sobre possíveis implicações de segurança, tanto para a Ucrânia quanto para a península coreana.
“Sabemos que mísseis balísticos norte-coreanos ainda estão sendo usados para atingir alvos ucranianos, o que pode afetar a segurança na península”, afirmou Kirby.
A comitiva russa em Pyongyang inclui figuras de alto escalão, como o ministro da Defesa, Andrei Belousov, o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, e o vice-primeiro-ministro, Alexander Novak, responsável pela energia. Especialistas afirmam que a Coreia do Norte poderia se comprometer a fornecer contínuos suprimentos de artilharia e foguetes guiados à Rússia em troca de tecnologia avançada, petróleo e produtos alimentícios.
O fortalecimento dos laços entre Rússia e Coreia do Norte pode alterar o equilíbrio de poder no cenário internacional, especialmente à medida que ambos buscam formas de contornar as sanções ocidentais e ampliar suas capacidades militares.
Fonte: Sociedade Militar Com informações de: The Guardian