Planejei diversos assuntos para a coluna de hoje, assuntos leves e divertidos, mas nenhum deles parecia bom porque algo não saía da minha cabeça: uma adolescente de 16 anos foi vítima de um estupro coletivo durante um baile no Morro São João, localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
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O crime foi gravado, fotografado e compartilhado nas redes sociais dos estupradores, as mídias se espalharam rapidamente e foi aí que começaram as denúncias.
Eu li diversos posicionamentos na internet, positivos e negativos, mas uma coisa ficou bem clara: nós vivemos a cultura do estupro.
Cultura do estupro
O termo foi criado pelas feministas estadunidenses na década de 1970 com intenção de mostrar como a sociedade culpa as próprias vítimas de abuso sexual e normaliza a violência sexual contra a mulher. Isso não quer dizer que todo mundo seja um estuprador ou concorde com esse tipo de ato, quer dizer que nas pequenas atitudes do nosso cotidiano nós normalizamos a violência contra a mulher, dificultando a punição em situações como essa.
O crime não aconteceu porque ela estava em uma festa, porque ela bebeu alguns goles a mais ou porque usava um vestido justo. Também não aconteceu porque aqueles homens eram doentes. (Afinal, que doença é essa que afeta mais de 30 homens, que estão no mesmo local, na mesma hora?!)
O crime aconteceu porque ainda somos vistas como um objeto criado para o prazer sexual masculino, isso não é doença, é falta de amor ao próximo, de empatia, é falta humanidade.
Isso não aconteceu porque aqueles homens eram doentes. Afinal, que doença é essa que afeta mais de 30 homens, que estão no mesmo local, na mesma hora?!"
Dor
Eu senti a dor dessa menina, e a dor de outras milhares que sofrem a mesma coisa todos os dias, senti a dor de cada estupro que ocorre a cada 11 minutos no Brasil. Jamais na mesma intensidade porque ser violada dessa maneira causa uma dor inimaginável, gera sequelas que dificilmente são curadas. Mas eu tomei as dores, e hoje eu luto por cada uma que já sofreu, que vai sofrer ou que poderia ter sofrido. Nós estamos juntas contra a cultura do estupro.
Anote aí: Na quarta-feira (1), no vão livre do MASP (Avenida Paulista, SP) vai acontecer uma manifestação chamada “Por todas elas”, contra esse e todos os crimes como esse.
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*Victoria Ferreira tem 18 anos e escreve às terças no iGTeen. Ela é do signo de Áries, fotografa iniciante e estudante do primeiro semestre de Jornalismo. Cupim de livros, rata da internet e viciada em séries. Gosta de conversar sobre tabus e assuntos que mais ninguém gosta de falar: "Para mim, os assuntos que as pessoas mais temem debater são os mais importantes". Vive em uma eterna discussão consigo mesma e sua cabeça nunca para. Foi exatamente por isso, que começou a escrever: para colocar esses pensamentos no papel, ou nas telas, melhor dizendo.
POR IG-Delas