Centenas de estudantes venezuelanos voltaram a se concentrar nesta quarta-feira na Praça Brión, na zona leste de Caracas, para se manifestar em defesa da liberdade de expressão, depois da interrupção do sinal da rede de televisão privada RCTV. Eles também protestavam contra a detenção de alguns manifestantes.
Também estão sendo organizadas manifestações nas principais cidades do interior, entre elas San Cristóbal (680 km a sudoeste de Caracas), onde na terça-feira a polícia invadiu o campus da Universidade dos Andes.
Nas manifestações realizadas nos últimos dois dias, foram detidas na capital e em outras cidades do país 182 pessoas, das quais 107 são menores de idade, segundo informou o ministro do Interior, Pedro Carreño.
Em uma atitude que alimentou novos protestos, a Procuradoria da Venezuela levará aos tribunais 30 pessoas por terem supostamente incitado distúrbios ou fechado ruas em Caracas e outras cidades, informou o jornal “El Mundo”.
Para repudiar as detenções, os estudantes querem marchar na próxima sexta-feira até a sede da Defensoria do Povo, disse John Goicochea, dirigente da Universidade Católica Andrés Bello.
Embora as manifestações estudantis tenham sido pacíficas até agora, foram registrados incidentes nos quais a polícia reprimiu os manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo e tiros de balas de borracha, especialmente na noite de segunda-feira, quando pequenos grupos de jovens incendiaram latas de lixo para fechar algumas ruas.
Os universitários estão mobilizados desde segunda-feira, dia seguinte à retirada do ar da RCTV, rede de televisão que o presidente Hugo Chávez acusou de ser “golpista” e que não teve sua concessão renovada.
A RCTV estava no ar há 53 anos e se mantinha como a única rede de televisão de sinal aberto e alcance nacional de linha opositora. Em seu lugar, o governo instalou a TVES, rede pública voltada principalmente para o entretenimento e serviços.