domingo, 22/12/2024
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Venezuela vive febre de consumo na era Chávez

Comprar um automóvel na Venezuela, hoje em dia, não é tarefa fácil. Em qualquer concessionária, a fila de espera para a entrega de um veículo zero varia de quatro a dez meses, não importa se é um modelo econômico ou um carrão de luxo, tal o crescimento da demanda. Nas empresas aéreas que fazem o trajeto Caracas-Miami, todos os vôos estão praticamente lotados até meados de janeiro. Não sobram assentos nem na classe executiva. Para morar juntos, os noivos vivem o dilema de adiar o casamento ou enfrentar a disparada no preço da moradia: o valor do metro quadrado de um apartamento na capital, Caracas, aumentou 20% de janeiro a novembro.

Prestes a completar três anos de forte crescimento da economia, sustentado pelos altos preços do petróleo e pela expansão descontrolada dos gastos públicos, o país vive uma febre de consumo que remete à euforia da “Venezuela Saudita” dos anos 70. A elite recebe a companhia de uma classe média emergente que, na última segunda-feira, congestionava os corredores do elegante shopping center Sambil, a meca dos novos ricos ávidos por bolsas Louis Vuitton e canetas Montblanc. Com o comércio projetando vendas 30% maiores do que no Natal passado, a administração do Sambil já esticou o horário de funcionamento do shopping para das 9h às 23h.

Os economistas locais, quase em uníssono, advertem: o crescimento econômico não tem nada de sustentável e corre o risco de queda abrupta em 2007. Uma desvalorização do bolívar, controlado pelo governo em 2.147,3 por dólar, é tida como inevitável – só resta saber quando e com que intensidade ocorrerá. No câmbio paralelo, a moeda americana subiu 15% desde o início de outubro e já vale mais de 3 mil bolívares. Qualquer taxista ou dono de loja se oferece para trocar um punhado de dólares.

Enquanto a crise não chega, os venezuelanos sentem o doce sabor da prosperidade. Na agência de viagens Molina, em Palos Grandes, um bairro caraquenho de praças limpas e comércio refinado, a vendedora Verónica Duarte conta que Madri, Aruba e Curaçao têm sido os destinos turísticos mais negociados nos últimos meses. Nenhum deles, porém, supera Miami. “Todo mundo quer fazer compras por lá, mas quem mais busca esse destino são os novos ricos”, explica a vendedora. Como ela sabe se são mesmo novos ricos? “Eles não gostam de usar cartão de crédito e pagam US$ 1 mil, US$ 2 mil sempre em dinheiro.”

O presidente Hugo Chávez anuncia uma luta revolucionária contra o “império americano”, mas raramente os ianques ganharam tanto dinheiro na Venezuela. A rede de lanchonetes TGI Friday´s, que chegou ao país em 1999, pretende abrir mais duas lojas nos próximos meses. Já são oito unidades venezuelanas – e as vendas só perdem, fora dos EUA, para o Reino Unido, Taiwan e Coréia do Sul. As lojas do Friday´s em Caracas fritam mais hambúrgueres do que suas homônimas na Argentina, no Brasil, no Chile e no Uruguai juntas.

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Parmenas Alt
Parmenas Alt
A estrada é longa e o tempo é curto. Não deixe de fazer nada que queira, mas tenha responsabilidade e maturidade para arcar com as consequências destas ações.
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