O ministro da Comunicação e Informação da Venezuela, William Lara, disse que as mudanças que o governo pretende fazer na Constituição não vão mexer com a propriedade privada.
O que o governo quer, disse ele, é dar uma “função social” às empresas privadas, obrigá-las a cumprir certas obrigações com os empregados, por exemplo.
“Nós não temos nenhuma intenção de estatizar, de nacionalizar a empresa privada. De maneira alguma”, afirmou o ministro em entrevista à BBC Brasil.
Lara foi a Brasília acompanhar o presidente Hugo Chávez, que se encontrou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quarta e quinta-feira, na primeira viagem ao exterior depois de reeleito, no domingo.
O ministro negou que as reformas pretendam criar um sistema comunista no país. “Não há nada de castro-comunismo nas reformas constitucionais”, afirmou, referindo-se à maneira como a oposição critica o governo chavista.
“Cuba é Cuba, Venezuela é Venezuela. Nós admiramos o modelo cubano, mas o processo venezuelano é autóctone. É endógeno, como se diz popularmente lá. E não vai copiar o modelo de nenhum país”, afirmou. “Não somos comunistas. Não temos nada contra os comunistas, mas não somos comunistas”, reafirmou.
Socialismo
O modelo do país, disse Lara, é socialista. “Nós estamos construindo socialismo na Venezuela. E isso não escondemos de ninguém. Achamos que quando a maioria da população votou em Chávez votou numa proposta e esta proposta é o socialismo do século 21”, afirmou.
Mas o que é afinal, o socialismo do século 21? Para Lara, ele pode ser definido da seguinte maneira: “mais liberdade, mais justiça, mais prosperidade, mais bem-estar para toda a sociedade venezuelana”.
A nova Constituição – que vai ser reformada por uma comissão que será constituída no início do ano e, além de passar pela Assembléia Nacional (totalmente formada por aliados do governo, já que a oposição não disputou a eleição), terá que ser aprovada por um plebiscisto popular – vai ratificar, segundo ele, o conceito de propriedade privada.
Além disso, deve reforçar outros tipos de propriedade, como associativa (que pode ter lucro) e cooperativa (que não pode ter lucro).
Lara disse que setores considerados estratégicos serão mantidos nas mãos do Estado, como o setor petroleiro e de serviços públicos.