O treinador do São Paulo creditou a vitória à vibração do seu meio-campo. Formado por jogadores queimados com Crespo. Liziero, Sara e Igor Gomes. ‘Energia e motor’ do time
Ouviu o coro da torcida, gritando seu nome, como quando jogava.
A vitória por 1 a 0, gol de Calleri, teve enorme representatividade.
Ele sabia que precisava vencer o Corinthians, no Morumbi. Não só pela tabela de classificação, mas por conta da autoestima dos jogadores do São Paulo, muitos deles desprezados até pela própria torcida nas redes sociais, nos protestos das organizadas.
E o treinador sabe muito bem, porque ouviu do presidente Julio Casares que o clube vive crise financeira, com mais de R$ 600 milhões em dívidas.
Daí na preleção, a valorização do clássico, da importância em vencer o rival diante da torcida, que volta aos poucos ao estádio são paulino.
“Jogar contra o Corinthians é um jogo que vale muito mais do que os três pontos. Principalmente no momento que vivemos, em um jejum longo de vitórias, de seis empates consecutivos. São Paulo e Corinthians, São Paulo e Palmeiras… Tem um valor muito grande uma vitória nesse tipo de jogo”, comemorava Ceni.
O clássico serviu para importante constatação para o treinador. Que tanto travava a equipe no comando de Hernán Crespo: a apatia do time.
“Meu meio-campo eu vejo como a energia desse time. Liziero, Igor Gomes e Sara para mim são o motor do time. Lógico, cada atleta tem sua função. Mas nesse setor, esses três jogadores têm muita força física, são jovens, têm fome. Ajudam muito a servir, hoje, no caso, o Benítez, o Luciano e o Calleri.”
A afirmação é profunda porque os três estavam muito desgastados com o treinador argentino. O fato de Ceni perceber que há muito mais segurança, equilíbrio com a equipe atuando em uma linha de quatro defensores e não três zagueiros e dois alas, refletiu no bom futebol do trio, ontem contra o Corinthians.
“Nós não temos velocistas, praticamente. O único jogador mais rápido que temos é o Marquinhos. E o hoje não pudemos ter o Rojas, porque já tínhamos cinco estrangeiros na relação, então não poderíamos ter o sexto, que seria o jogador de velocidade.
“Na formação do elenco, não foi um time formado para ter velocidade. Foi formado para ter posse de bola, controle de jogo”, detalhou.
“Esses garotos (Liziero, Igor Gomes e Sara) que fazem o papel da velocidade, não da velocidade em si própria, mas do toque rápido, aparecendo, fazendo parede, chegando à frente.”
A vitória no clássico levou o time à 12ª posição.
Estimulou o treinador ao maior desejo da diretoria. Chegar à Libertadores. Não entre os quatro primeiros, porque a distância é grande. Mas ficar com uma das vagas para ‘pré-Libertadores’. Entre o quinto e, muito provavelmente, o nono lugar.
“Eu não vou ficar fazendo conta. Lógico que o objetivo é chegar em uma pré-Libertadores. Dentro do que foi o ano seria um fechamento bom para o São Paulo, dentro da posição e da circunstância de tabela em que se encontrava. Mas vamos pensar jogo a jogo.”
Confusão entre os jogadores. Liziero começou ao empurrar Du Queiroz
VAN CAMPOS//ESTADÃO CONTEÚDO – 18.10.2021
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Foi a primeira vitória desde o retorno de Ceni ao comando do futebol no São Paulo. Ao vencer o rival Corinthians, fazendo seu time jogar com intensivade, vibração, brigando por cada bola, e buscando o ataque, o treinador resgatou a parceria da torcida os atletas.
A equipe voltou a ser aplaudida, ovacionada.
E o maior ídolo da história do São Paulo sabe o que isso significa.
Algo que o time havia perdido com Crespo: confiança…