O empresário Luiz Antônio Vedoin, 31 anos, um dos donos da Planam e que prestou uma série de depoimentos à Justiça Federal de Mato Grosso em julho – que deu início à CPI dos Sanguessugas -, apontou à revista Veja a participação de outro senador – Antero Paes de Barros (PSDB-MT) – no esquema da compra superfatura de ambulâncias. Ele disse ainda que o lobby do petista José Airton Cirilo, dirigente do PT no Ceará não se limitou à pasta da Saúde: chegou também ao Ministério das Cidades e ao das Comunicações, além do BNDES e da Petrobras.
“No Ministério das Cidades, ele (Cirilo) pediu para nós fazermos os ofícios de liberação das emendas, com a assinatura do parlamentar, e foi até o então ministro Olívio Dutra para tentar o despacho. Não conseguiu a liberação. Mas, no Ministério das Comunicações, na gestão de Eunício Oliveira, ele conseguiu liberar o empenho para a compra de alguns ônibus. Ele dizia que tinha canal direto com o ministro. Só sei que o empenho saiu e nós pagamos um porcentual ao Cirilo. Ele também dizia ter acesso ao BNDES e à Petrobras, mas não citou nomes e nós não fizemos negócio nesses órgãos”, disse o empresário.
Sobre a sua relação com os deputados, resumiu: “Era um negócio: toma-lá-dá-cá”. Segundo Vedoin, não tinha amizade, não tinha conversa. Em geral, os parlamentares recebiam 10% do valor da emenda apresentada.
Segundo o empresário, o esquema começou com o deputado Lino Rossi (PP-MT) e rapidamente passou para oito e, no fim, uma centena de parlamentares recebia proprina. Ele disse que tinha medo de que tudo pudesse ruir, mas não acreditava nisso. “Imaginávamos que o que a nossa empresa fazia era pequeno diante de tanta coisa que acontece em Brasília. Eu não pensei que ia ser tão problemático”.
(Terra)