Áudio de bióloga circula em grupos de mensagem com alerta sobre agressividade da nova variante do coronavírus e afirma que a cepa já se espalhou em todo o país
A nova variante de coronavírus vem causando preocupação na comunidade científica e na sociedade. Nesta semana, chegou ao WhatsAapp do MonitoR7 um pedido de checagem que envolve um áudio amplamente compartilhado no aplicativo. No material, uma mulher que se identifica como Mônica Travassos (“doutora em Biologia, formada, pós-graduada e doutorada em Biologia”) faz afirmações sobre a letalidade e a transmissibilidade da variante Ômicron.
Logo no ínicio da fala, a mulher afirma que todos os estados litorâneos brasileiros já registram casos da nova variante. Entretanto, até o momento, seis casos da Ômicron foram diagnosticados no Brasil e somente três deles em estados litorâneos. Foram dois casos em São Paulo e um no Rio Grande do Sul.
A voz feminina completa dizendo que “a tendência é que essa nova variante desça para o Centro-Oeste do país”. Contudo, dois dos casos foram detectados no Distrito Federal, mostrando que já existe registro da variante na região. E, do ponto de vista científico, não haveria justificativa para a contaminação pela variante seguir para uma região específica.
Avançando um pouco no conteúdo da mensagem de voz, a mulher afirma que “é uma variante mortal e mata tanto quanto a Covid-19”. No entanto, a Covid-19 não pode ser comparada em termos de letalidade com uma variante, uma vez que Covid-19 é a doença e a variante é o vírus causador dessa doença. Comparações de letalidade e transmissibilidade cabem somente entre variantes diferentes, já que todas causam a mesma doença, que é a Covid-19.
Além da comparação descabida, não é possível afirmar que a Ômicron é mais mortal, pois ainda não existem estudos científicos que comprovem esse argumento. Até o momento, não foi registrada nenhuma morte entre os pacientes que testaram positivo para a nova variante. Todos os continentes já registram casos de Ômicron.
Na realidade, os sintomas relatados, até o momento, são leves (em alguns dos casos, os infectados, previamente vacinados, não apresentaram sintomas). Os brasileiros que chegaram da África do Sul e testaram positivo para a variante estavam vacinados — com o imunizante da Janssen — e fazem parte dos que não manifestaram sintomas.
Ainda assim, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que essa é uma “variante de preocupação”. A preocupação se deve à quantidade de mutações, bem superior à registrada nas outras variantes já conhecidas. A maior parte dessas mutações está na proteína S (Spike), que é a “chave” que o vírus usa para entrar nas células e é o alvo da maioria das vacinas contra a Covid-19. As mutações, portanto, podem estar ligadas a uma capacidade maior de transmissão da variante Ômicron.
Na segunda parte da mensagem de voz, a mulher traz recomendações para evitar o contágio. Algumas delas muito úteis, outras nem tanto. Entre os conselhos dados no áudio, ela recomenda que, no banheiro, para dar descarga, “se use o joelho, o pé ou o cotovelo”.
De acordo com Helio Bacha, consultor técnico da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), esse tipo de recomendação “não faz sentido”, já que a transmissão da Covid acontece por vias aéreas. O especialista conclui reforçando que é fundamental lavar as mãos, seja por causa da Covid ou de outras doenças. Por fim, a mulher no áudio diz que é importante usar máscara, evitar aglomerações e higienizar as mãos. Todas boas recomendações.
Ficou em dúvida sobre uma mensagem de aplicativo ou postagem em rede social? Encaminhe-a para o MonitoR7, que nós checamos para você (11) 99240-7777.
Fonte R7