A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) incluiu nesta semana a vacina da dengue em seu calendário de vacinação da criança e do adolescente. De acordo com a presidente da SBP, Dra. Luciana Rodrigues Silva, “a decisão dialoga com a preocupação da entidade de oferecer à sociedade orientações adequadas sobre as melhores formas de prevenir doenças nas crianças e adolescentes brasileiros”.
De forma prática, isso significa que os pediatras poderão indicar a vacina como forma de prevenir a dengue, porém ela ainda não está entre os imunizantes da Campanha de Multivacinação Nacional. Após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizar, em julho, a comercialização do produto fabricado pela empresa francesa Sanofi Pasteur, apenas o Estado do Paraná demonstrou interesse em distribuí-la na rede pública. Já São Paulo anunciou que vai aguardar a vacina que está sendo produzida pelo Instituto Butantã.
O Comitê Técnico Executivo da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos estipulou que o valor cobrado pela vacina para as clínicas varie entre R$ 132,76 e R$ 138,53. Já o consumidor final encontrou o imunizante por até R$ 915 uma semana depois do anúncio da comercialização.
Saúde pública
Presidente do Departamento Científico de Imunizações da SBP, Dr. Renato Kfouri afirmou que a doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti é, hoje, um enorme problema de saúde pública, sendo necessária a vacinação de crianças e adolescentes. Entretanto, efetiva prevenção à dengue no Brasil careceria de ações governamentais voltadas para o saneamento, à adequada coleta de lixo e um processo de urbanização sustentável, segundo a Dra. Luciana.
A vacina é recomendada para pessoas entre nove e 45 anos e deve ser aplicada em três doses, sendo necessários seis meses de intervalo entre cada uma. A promessa é de pouco mais de 60% de proteção contra os quatro tipos de vírus da dengue, mas estudos indicam 93% contra os casos graves da doença e redução de 80% em relação à internação. O imunizante não é recomendado para gestantes, lactantes ou pessoas com deficiência imunológica.
Prevenção
Dr. Kfouri lembra, entretanto, que a vacina da dengue não é a única forma de prevenção. O combate aos criadouros do mosquitos deve continuar, já que o Aedes aegypti se prolifera em água parada, que se acumula em objetos como pneus, pratos de vasos de plantas, caixas de água mal vedadas e sacos de lixo não bem fechados.
Fonte: IG