Como a terapia hormonal caiu na preferência das mulheres, terapias complementares e alternativas estão sendo cada vez mais utilizadas. As práticas atuais para o tratamento dos sintomas da menopausa sugerem que a terapia hormonal seja utilizada na dose menos eficaz e pelo menor período de tempo possível, de acordo com a pesquisa, cujos resultados aparecem na edição de Maio/Junho de Menopausa: Jornal da Sociedade Norte-Americana de Menopausa.
A pesquisa, que foi executada em junho de 2004, incluía 781 mulheres entre 40 e 60 anos e foi financiado por GlaxoSmithKline, que não teve influência alguma na metodologia de pesquisa, a coleta de dados e análise, na decisão de publicar os resultados ou na preparação dos artigos.
Os produtos mais usados eram ginkgo biloba, ginseng, erva-de-São João, cimicífuga, e a combinação de remédios medicinais. E enquanto quase dois terços das usuárias atuais pensam que eles realmente auxiliam a aliviar os sintomas, 70% das ex-usuárias acham que eles não funcionam.
Quando perguntadas sobre o porquê do uso de remédios a base de ervas , mais da metade das mulheres afirmam que os remédios eram uma alternativa mais segura do que a terapia hormonal, e 45% afirmaram que queriam utilizar um produto “natural.”
Um problema dos remédios a base de ervas é que eles são pouco estudados, e as doses adequadas são desconhecidas, segundo doutora Jun Ma, a pesquisadora desse estudo. No entanto, mais de três quartos das mulheres que tomam os remédios no momento afirmaram que elas acreditavam que estavam tomando a dose certa, e metade delas afirmou que sabia quanto tempo demoraria para o produto começar a fazer efeito.
“Há muito poucos dados que recomendam o uso dessas terapias,” afirmou Ma, um pesquisador associado do Stanford Prevention Research Center na Universidade de Stanford. “Como um pesquisador da área médica, eu recomendaria esperar até que existam mais dados. Mesmo o ato de dizer isso aos pacientes é muito importante.”
Ela acrescenta, “É importante que os médicos perguntem à paciente se utiliza alguma terapia complementar, porque há dados que mostram efeitos colaterais entre alguns desses produtos e medicamentos específicos.”
As mulheres que utilizavam os medicamentos alternativos ainda acreditavam que a medicina tradicional fornecia mais fontes confiáveis de informação do que as práticas não-convencionais – mais de 70% afirmaram que elas confiavam em suas ginecologista e clínicos-gerais.
A maioria da entrevistadas não soube opinar sobre a habilidade de seus médicos de informar sobre o uso de terapias alternativas. Cerca de um quinto das mulheres afirmaram que seus médicos não forneciam informações suficientes sobre medicamentos a base de ervas, e que elas não acreditavam que seus médicos possuíam conhecimento o suficiente para tal.
As mulheres de uma maneira decisiva dão valor ao envolvimento dos médicos ao lidar com os sintomas da menopausa, que os pesquisadores citaram como evidência que a maior parte das entrevistadas considerava a menopausa como uma condição médica. A discussão sobre os médicos ou os fabricantes de remédios tentarem “medicalizar” a menopausa ou não ainda não foi estabelecida, segundo os autores, mas ainda é claro que as mulheres que experimentam os efeitos da menopausa precisam de algum tipo de cuidado, seja médico ou holístico.
O estudo, asseguram os cientistas, possui certas fraquezas. Ele é sujeito às mesmas induções de amostras e reações que podem contagiar qualquer pesquisa, e devido a pesquisa ser feita pelo computador, ela pode não representar mulheres com conhecimentos de informática limitados. Eles também apontam que a amostra é limitada a falantes de língua inglesa, e que a cautela é necessária para generalizar os resultados para outras populações.
“A terapia hormonal é ainda a recomendada e o tratamento mais eficaz para os sintomas da menopausa,” afirmou Ma, “e eu quero enfatizar que nós não estamos promovendo o uso de qualquer terapia complementar.”
E ela ainda continua: “Mas caso você esteja utilizando algum desses produtos, não esconda do seu médico. Os médicos são as pessoas mais qualificadas para guiar os pacientes no processo de tomada de decisão de qual tratamento seguir.”