Instituição considera turismo de massas, projetos de renovação e mudanças climáticas como principais ameaças à cidade italiana
As medidas tomadas pelo Estado italiano para proteger a cidade de Veneza e a sua lagoa são “insuficientes” e “devem ser ampliadas”, afirmou nesta segunda-feira, 31, a Unesco, que vai propor a inscrição da cidade na lista do patrimônio em perigo. O Centro de Patrimônio da Unesco considera o turismo de massas, os projetos de renovação e as mudanças climáticas as principais ameaças à cidade italiana, uma vez que danificam as estruturas dos edifícios e as zonas urbanas, degradando a sua identidade cultural e social. Por estas razões, a instituição irá propor a inclusão da cidade na lista dos lugares ameaçados na Assembleia Geral da Unesco, que será realizada em Riad de 15 à 25 de setembro. No seu relatório, a organização reconhece que a Itália melhorou a gestão do turismo e a coordenação entre as diferentes administrações envolvidas na proteção do ecossistema.
A Unesco reconhece que foram feitos progressos na criação de barreiras contra as marés e na consolidação das praias e dunas costeiras, e foi utilizada “tecnologia de ponta” na previsão da subida do nível das águas, sendo mantida a proibição de navios de cruzeiro nos portos mais próximos do centro. Mas estes avanços não são suficientes, diz a organização, que pede um estudo mais aprofundado dos fenômenos naturais que afetam Veneza e do impacto das mudanças climáticas na cidade, assim como das consequências do sistema de barreiras e da chegada dos navios de cruzeiro aos canais próximos. Além disso, exige “um modelo de turismo sustentável” que reduza “o número excepcionalmente elevado de visitantes” e “melhore consideravelmente a qualidade de vida dos residentes”.
A organização afirma que a construção prevista de edifícios altos nos arredores da cidade pode ter um impacto visual negativo, juntando-se a outros perigos enfrentados por Veneza, que foi inscrita na Lista do Patrimônio Mundial em 1987. Estas ameaças podem levar a “alterações irreversíveis e a uma perda substancial da autenticidade histórica e do significado cultural que constituem parte do valor universal excepcional” da cidade, acrescentou. Veneza, que foi fundada no século V e se tornou uma potência naval do Mediterrâneo no século X, é atualmente uma das cidades mais visitadas do mundo, com picos diários de até 100 mil turistas que pernoitam, enquanto a sua população de cerca de 50 mil habitantes diminui anualmente.
JovemPan