Por um mundo sem racismo, machismo e homofobia é o tema da parada do
orgulho GLBT, ou da diversidade sexual, de 2007. Esse tema poderia ser
resumido da seguinte forma: “Por um mundo com respeito”. Enquanto a
sociedade não entender e aceitar a idéia de que o homem é livre e precisa
ser respeitado como tal, vamos continuar vivendo em um mundo hipócrita que
finge não enxergar o preconceito e empurra atrocidades para debaixo do
tapete.
Mas essa liberdade não implica somente em ir e vir. É mais do que isso.
Significa ir e vir respeitando e sendo respeitado. E respeito não significa
concordar com tudo o que acontece em nossa volta. Significa aceitar o
diferente e até discordar dele, mas nunca discriminá-lo.
E esse ano a parada do orgulho GLBT, que será realizada em Cuiabá na
tarde do próximo dia 28, rompeu o muro da diversidade sexual para adentrar
em um caminho tão ou mais melindroso que a homofobia, que é o racismo e o
machismo. Uma decisão mais do que corajosa, necessária! Não sei de estudos
nesse sentido, mas posso afirmar sem medo de errar que essas três
“modalidades” de preconceitos, se somadas, estão presentes na maioria da
população não só brasileira, mas mundial.
Esse “moralismo” em nome do qual as pessoas se sentem no direito de ofender e tripudiar o diferente é tão absurdo e pernicioso que leva as
pessoas a cometerem barbaridades jamais sonhadas e imaginadas por qualquer
cidadão que tenha o mínimo de respeito pelo próximo, seja ele branco, negro,
mulher, homem, gay, lésbica, bissexual ou transgêneros.
Se as pessoas gastassem todo o tempo que despendem com atitudes nocivas,
como o preconceito, com atos de solidariedade, por exemplo, não haveria mais
miséria nesse mundo. E, se além de solidariedade, as pessoas protestassem
contra a falta de educação e contra o descaso com a coisa pública com a
mesma veemência com que recriminam as chamadas minorias sociais, aí sim,
seria o auge do poder do povo. Fosse esta a realidade, não estaríamos à
mercê de alguns poucos grupos que dominam o poder.
Mais do que apoiar essa luta, é preciso fortalecê-la por meio da
participação. É preciso indignar-se com a falta de respeito pela vida. É
preciso se opor a todo e qualquer abuso cometido por meio de atos
discriminatórios. Não há mais espaço para a intolerância ao diferente.
Porém, um dos maiores desafios da humanidade é repetir às nossas crianças que todos, em suas mais diversas características, temos os mesmos
direitos e deveres, que todos somos cidadãos, que todos temos ou tivemos pai
e mãe, que todos temos necessidades fisiológicas idênticas, que todos vamos
morrer um dia e, independente das nossas características, preferências ou
posses, nos transformaremos em cinzas.
O que divide a sociedade em castas e expõe toda a mediocridade do ser
humano nada mais é do que a ganância dos que se acham o supra-sumo de uma
sociedade hipócrita e que se rendem ao dinheiro e ao poder a qualquer custo.
Mas quando o povo despertar, haverá de “organizar a esperança, conduzir
a tempestade, romper os muros da noite. Criar, sem pedir licença, um mundo
de liberdade”, como proclamou o poeta Pedro Tierra. Com essas palavras
Tierra nos desafia a construir uma sociedade que tenha como base o respeito
e o amor à vida. Tarefa difícil em tempos mais difíceis ainda…
*Márcia Raquel* é jornalista em Cuiabá
marciaraquel_o@hotmail.com
Marcia Raquel