O deputado Guilherme Maluf (PSDB) disse que a citação de seu nome e de outros três parlamentares feita pelo ex-secretário de Estado de Fazenda, Marcel de Cursi, durante depoimento na 7ª Vara Criminal de Cuiabá, é uma forma de conseguir prerrogativa de foro e elevar as investigações à instâncias superiores.
Na oitiva, que ocorreu na última sexta-feira (28), Marcel disse à juíza Selma Rosane Arruda, que segundo a própria denúncia da Operação Sodoma, os deputados estaduais Wagner Ramos (PSD), Mauro Savi (PSB) e Guilherme Maluf receberam dinheiro do esquema que gerou propina na ordem de R$ 15 milhões, por meio da desapropriação de um terreno no bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá.
“Acho que com essas delações estão tentando adquirir foro diferenciado e o envolvimento de deputados acaba dando foro. É isso que está acontecendo com alguns delatores. Estou muito tranquilo e espero que tudo seja investigado”, rebateu o tucano.
No depoimento, Marcel explicou à magistrada que não sabia do esquema criminoso, montado no âmbito da Casa Civil, e que tem conhecimento dos fatos apenas por meio dos processos da Operação Sodoma. Porém, disse que apesar dos nomes desses deputados aparecerem na investigação, o mesmo não acontecia com a denúncia. Segundo ele, uma forma do Ministério Público Estadual (MP) proteger os investigados que tem direito ao foro privilegiado.
Maluf afirma que solicitou que sua assessoria jurídica verificasse denúncia do ex-secretário. “Não achou absolutamente nada ainda, apenas na fala do Marcel. Entendo que políticos passem por esse tipo de situações. Vamos acompanhar as apurações porque não há nenhum tipo de denúncia ou notificação”, respondeu.
No entanto, a promotora de Justiça, Ana Cristina Bardusco, confirmou à imprensa que a denúncia citada por Marcel de Cursi, durante audiência na da sexta-feira passada, já havia sido encaminhada ao Tribunal de Justiça do Estado (TJMT) – esfera competente para julgar pessoas com prerrogativa de foro privilegiado.
Ela cita ainda que a denúncia 'não é nova' e, inclusive, foram desmembradas para outros processos, já que a empresa SF Assessoria, usada para “lavar dinheiro” do esquema criminoso, não se refere apenas ao caso do terreno no bairro Jardim Liberdade.
“Isso está no processo, não é uma informação oculta. Transferência de sigilo bancário da SF [empresa de fachada do empresário Filinto Muller] não é só em relação à quantia que faz parte dessa investigação [Sodoma 3]. A transferência é de todas as movimentações, mas a gente utiliza a parte dessa e desmembra para as outras tantas investigações”, explicou Bardusco.
Com RepórterMT