No primeiro dia da reunião das Nações Unidas sobre o clima, em Copenhague, a União Europeia fez um apelo por mais financiamentos dos Estados Unidos para projetos de combate ao desmatamento em países como o Brasil.
O investimento seria adicional aos planos já anunciados pelos Estados Unidos, de reduzir suas emissões em 17% até 2020 e acelerar os cortes dali para a frente, e seria realizado através de compra de créditos de carbono para compensar (offset) a poluição gerada no país.
“Nós estamos prontos para chegar a um acordo que atualize as propostas para REDD (redução de emissões por desmatamento e degradação)”, afirmou o ministro do Meio Ambiente da Suécia, Andreas Carlgren, representante da UE já que o país ocupa a Presidência rotativa do bloco.
Ele lembrou que os planos da Europa são cortar o desmatamento no mundo pela metade nos próximos dez anos e acabar com ele em 20 anos.
“Trilhões para adaptação”
Para ações contra desmatamento, entretanto, serão necessários trilhões de dólares nas próximas décadas, e a fonte desse financiamento promete ser um dos assuntos mais polêmicos em Copenhague.
Os países ricos se movimentam no sentido de apresentar uma proposta apelidada de “Fast Start Fund”, um fundo de cerca de US$ 10 bilhões que garantiria o início imediato de ações de adaptação nos países mais pobres e atingidos pelas mudanças climáticas, como Bangladesh e as ilhas Maldivas, por exemplo.
No entanto, o negociador-chefe brasileiro, embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, afirmou que a “falta de engajamento claro dos países desenvolvidos” na questão financeira “é um dos problemas” da reunião e rejeitou categoricamente o “fast start fund”.
“Não é possível sairmos daqui com um financiamento de curto prazo”, afirmou.
Para o Brasil e outros países em desenvolvimento, interessa a garantia de financiamentos de longo prazo.
Obama
Uma reportagem publicada pelo jornal alemão Financial Times Deutschland afirma que a Europa estaria disposta a entrar com 1 a 3 bilhões de euros para este fundo.
A pressão para complementar o valor supostamente apresentado pelos europeus recairia naturalmente sobre os Estados Unidos.
Carlgren disse ainda estar confiante de que o presidente Barack Obama virá a Copenhague para avançar nas propostas americanas.
“”Vou ficar um pouco chocado se o Obama só repetir o plano que já foi anunciado aqui”, disse Carlgren.
No entanto, os Estados Unidos deixaram claro que os planos parecem estar pouco abertos a alterações.
O chefe da delegação americana, Jonathan Pershing –ele próprio um cientista que trabalhou na elaboração dos relatórios do Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês)– afirmou que o plano está de acordo com a exigências da ciência.
“É um plano que leva os Estados Unidos para uma curva descendente de gases causadores do efeito estufa a um nível que nenhum outro país jamais começou a contemplar seriamente”, disse o negociador americano.
U.Seg