Traficantes e milicianos estabeleceram tabelas de pedágio para candidatos às eleições de outubro fazerem campanha nas favelas que controlam no Rio. O preço varia de R$ 10 mil (para pequenas comunidades) a R$ 30 mil (locais de médio porte).Segundo a reportagem, sem pagar, os postulantes são proibidos de entrar nas localidades para pedir votos e pregar cartazes nas casas.
A Folha informa que, conforme relatos de dois candidatos a vereador (que não se identificaram temendo represálias), a prática ocorre nas favelas de São Carlos (Estácio, centro), Turano e Borel (Tijuca, zona norte), Tuiuti (São Cristóvão, norte), Dendê (Ilha do Governador, norte) e Terreirão (Recreio, oeste), dominadas pelo tráfico; e Guaporé (Brás de Pina, norte) e Barbante (Campo Grande, oeste), dominadas por milícias.
A ação das Forças Armadas durante o processo eleitoral no Rio de Janeiro, batizada de Operação Guanabara, vai começar nesta quinta-feira com ao menos 3.500 militares ocupando sete comunidades cariocas.
Tropas do Exército estarão nas comunidades de Cidade de Deus, Rio das Pedras e Gardênia Azul, todas localizadas no bairro de Jacarepaguá (zona oeste). Já fuzileiros navais da Marinha vão entrar na Vila do João, Conjunto Esperança, Vila Pinheiros e Nova Holanda, favelas que fazem parte do complexo da Maré, na zona norte.
Cada comunidade terá entre 500 e 900 homens, que ficarão 24 horas por dia nestas localidades, até o dia 13 de setembro. Em Campos, a operação será permanente, com militares da própria região. Veículos blindados e helicópteros estarão à disposição dos generais responsáveis pelas ocupações.
Do dia 14 até o dia 16, serão ocupadas as favelas Vila Aliança, Taquaral e Coréia. Além dos militares do Rio, a operação Guanabara –que também abrangerá a favela do Salgueiro, na cidade de São Gonçalo– terá o reforço de contingentes de Minas Gerais.
Os detalhes da atuação das Forças Armadas foram dados na tarde de ontem durante coletiva de imprensa na sede do Comando Militar do Leste. A Operação Guanabara será coordenada pelo general Rui Monarca da Silveira, subchefe do Estado Maior do Exército.
A orientação é garantir a segurança dos moradores, da imprensa e dos candidatos durante a campanha eleitoral contra a ação de milícias e traficantes.
O coronel André Luiz Novaes Miranda, responsável pela comunicação social, disse que os militares poderão efetuar prisões em flagrante, se necessário. Nestes casos, o registro de ocorrência será feito em delegacia comum.
O uso da força, segundo ele, será feito “proporcionalmente ao que estiver ocorrendo”. “Em um crime comum que ocorra, o militar deve por obrigação prender por flagrante delito”, disse.
Cada ocupação será acompanha por um juiz do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Rio, por fiscais do tribunal e policiais militares. “O Exército estenderá um manto de segurança, mas quem fará a fiscalização eleitoral é o TRE”, disse o coronel.
Missão
As Forças Armadas terão como missão no Rio coibir a imposição de candidatos, em áreas da cidade controladas por traficantes e milicianos, por meio de ameaças aos eleitores.
De acordo com o vice-presidente do TRE do Rio de Janeiro, Alberto Motta Moraes, os homens atuarão em 24 localidades.
Moraes ressaltou que a operacionalização ficará por conta das Forças Armadas, mas que o reforço na segurança terá a participação ainda das polícias Militar e Civil do Estado, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal.
“A presença do Estado nessas regiões tem o objetivo de transmitir aos eleitores das diversas regiões a segurança de que eles poderão ter confiança de que as eleições vão ocorrer normalmente e que eles não sofrerão a pressão que estão sofrendo.”
A atuação não será simultânea nas 24 áreas. Segundo o vice-presidente, as primeiras localidades servirão como termômetro para definir detalhes para as próximas áreas.
F.OnLine