Pesquisa teria constatado carga viral 251 vezes maior que a de não-vacinados
Mensagem que circula em grupos de aplicativo traz a afirmação de que trabalhadores de saúde vacinados contra Covid-19 tem uma carga viral 251 vezes maior que a de não-vacinados. Só em um dos grupos, mensagem com essa informação foi visualizada por mais de sete mil pessoas.
A mensagem reproduz dados que seriam de uma pesquisa, com elementos que reforçariam a credibilidade do resultado. Os pesquisadores seriam da prestigiosa Universidade de Oxford e a pesquisa teria sido publicada na revista The Lancet, uma das mais respeitadas publicações científicas do mundo.
Além de trazer a publicação, a mensagem usa o que seria a conclusão da pesquisa para afirmar que estes profissionais seriam uma ameaça. Com maior quantidade do coronavírus no sangue, eles poderiam transmitir a doença para seus colegas não-vacinados e agravar a situação dos pacientes que atendem.
Ao final da mensagem existe uma defesa de que a vacinação seja interrompida e que apenas os profissionais da saúde que já contraíram o coronavírus trabalhem, uma vez que eles supostamente já foram imunizados contra a cepa mais forte.
A pesquisa realmente existe, foi feita pelo Grupo de Pesquisas Clínicas da Universidade de Oxford e foi divulgada antes da publicação(preprint) na revista The Lancet. Os dados da pesquisa, no entanto, foram completamente distorcidos.
A pesquisa foi feita com profissionais de saúde de um hospital especializado em doenças infecciosas do Vietnã. A comparação em relação à carga viral encontrada nos profissionais foi entre aqueles que foram contaminados pela variante Delta e os que foram contaminados com outras cepas do coronavírus. Os da variante Delta apresentaram uma carga viral 251 vezes maior que a detectada nos demais profissionais infectados com o coronavírus.
No texto da publicação oficial da pesquisa, a interpretação dos resultados afirma que as infecções pela variante Delta estão associadas a altas cargas virais, testes positivos de PCR por mais tempo e baixos níveis de anticorpos neutralizantes induzidos pela vacina. Para os pesquisadores, esse último aspecto explica o fato da variante Delta provocar uma maior transmissão da doença mesmo entre pessoas vacinadas.
A conclusão, segundo os pesquisadores, é que, aliadas à vacinação, “as medidas de distanciamento físico permanecem críticas para reduzir a transmissão da variante SARS-CoV-2 Delta”.
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