Pesquisa observacional concluiu que o eritritol pode aumentar o risco de formação de coágulos sanguíneos
Um estudo publicado na segunda-feira (27), na revista Nature Medicine mostrou a associação entre o uso do adoçante eritritol e taxas mais altas de ocorrências de ataques cardíacos e AVC. Segundo os pesquisadores, a correlação entre ambos se daria pelo aumento da probabilidade de formação de coágulos sanguíneos.
De acordo com um dos autores do estudo, Stanley Hazen, da Cleveland Clinic, nos Estados Unidos, o uso do adoçante nas produções de alimentos industrilizados aumentou a sua concentração na corrente sanguínea da população.
Conhecido como ‘álcool de açúcar’, o eritritol faz parte dos adoçantes naturais não contendo calorias e com capacidade adoçante de 70%.
O eritritol pode ser encontrado em baixas concentrações em frutas e vegetais, além de poder ser produzido naturalmente pelo próprio corpo.
A partir de tal constatação, Hazen começou a pesquisar os efeitos do eritritol em amostras sanguíneas de dois estudos anteriores, os quais acompanhavam as taxas de ataques cardíacos e AVC entre os participantes.
Ambos os estudos, que tinham 2.100 participantes nos Estados Unidos e 830 participantes na Europa, analisaram pessoas com pré-disposição a esses eventos, devido a fatores como excesso de peso ou diabetes.
Com a análise, os cientistas notaram que, ao longo de três anos, os participantes com maiores níveis de eritritol apresentevam mais chances de sofrer uma parada cardíaca ou um AVC.
As chances de ocorrência foram dobradas entre os dois grupos após ajustes, levando em conta que pessoas com maiores níveis de sobrepeso ou piores indicadores de saúde eram, também, mais propensas ao uso do adoçante.
Por se tratar de um estudo observacvional, não ficou provado que o eritritol seria, de fato, o desencadeador dos problemas de saúde.
A equipe de Hazen passou, então, a explorar os efeitos do adoçante no sangue, dada a possibilidade de ocorrência de coágulos.
Nesta observação, quando oito voluntários considerados de baixo risco de ataque cardíaco ou AVC consumiram alimentos e bebidas contendo 30 g de eritritol, – como meio litro de sorvete com baixo teor de carboidratos – seus níveis sanguíneos do adoçante saltaram de cerca de 4 micromoles (uma medida de concentração) para cerca de 6.000 micromoles, permanecendo altos por várias horas.
“Assim que você bebe uma bebida adoçada artificialmente, os níveis de eritritol superam os níveis considerados normais no sangue”, afirma Hazen.
Verificou-se, também, que o eritritol promove a formação de coágulos quando adicionado em amostras de sangue, tanto nos de camundungos, como nas de sangue humano, em níveis de 300 micromoles e 45 micromoles, respectivamente.
Entretanto, segundo Duane Mellor, porta-voz da Associação Dietética Britânica, a maioria das pessoas não costuma ingerir quantidades suficientes para atingir os níveis testados para efeitos de coagulação neste estudo.