A Marinha investigará a informação de que haveria sido instalado um teto na chalana Semi Tô a Toa sem que a embarcação tivesse capacidade para suportar a modificação. A reforma pode ter comprometido a estrutura do barco-hotel e influenciado no acidente, que fez nove vítimas. A hipótese ainda não está confirmada.
“Fomos informados sobre isso por testemunhas e ainda não há nada apurado. Tem que ser checado e comparado com os planos da embarcação. São informações que serão levantadas”, disse o capitão dos Portos do Pantanal, Ângelo Maranho. A chalana, que pesa cerca de 20 toneladas e tem três pisos, passou por reformas nos últimos meses e essa seria a segunda viagem realizada com a embarcação.
A expectativa de Maranho é que as investigações da Marinha sejam concluídas no prazo de 30 a 60 dias. Estão em andamento dois inquéritos, esse instaurado pela Marinha, que irá apurar as causas do acidente, e o outro pela Delegacia de Poconé, que analisará se houve imperícia, imprudência ou negligência dos comandantes ou do dono da empresa Semi Tô a Toa.
O delegado de Poconé, Valter Cardoso, afirmou que há a presunção de que vários fatores podem ter influenciado o acidente, como, por exemplo, as condições da embarcação, a curva acentuada, o rebojo que se forma no ponto do rio e se a tripulação era preparada para conduzir a chalana. A Marinha e a delegacia de Poconé informaram que ainda está sendo investigado se os pilotos do barco-hotel estavam devidamente habilitados para conduzi-lo. “Uma embarcação desse porte requer um comandante habilitado, que pode ser um piloto fluvial, um mestre ou um contra-mestre. Além dele, um chefe de máquina e um moço de convés”, falou Maranho.
O capitão não quis informar se a tripulação da Semi Tô a Toa estava completa, para não influenciar nas investigações. A Marinha ouviu os donos da embarcação, os comandantes, alguns tripulantes e viajantes que sobreviveram ao acidente. A Polícia Civil também já ouviu seis pessoas, entre piloteiros (que viajam na chalana para dirigir os barcos menores quando os turistas vão pescar) e sobreviventes.
Ontem à noite, o delegado da cidade foi até a sede da empresa, em Porto Cercado, para colher o depoimento do empresário responsável pela chalana e dos dois condutores que pilotavam a embarcação no domingo de madrugada, quando o barco naufragou.
As famílias agora esperam para que as causas do acidente sejam desvendadas. Como toda embarcação precisa ter seguro obrigatório para navegar, os parentes das vítimas deverão cobrar os direitos. Esse é o caso da família da cozinheira Rosária da Silva, de 39 anos. Ela morreu no acidente e deixou quatro filhos, dois deles ainda menores de idade.
BUSCAS – Os trabalhos de resgate se encerraram na madrugada de anteontem e os nove corpos já haviam sido sepultados até o final da tarde. O último corpo a ser resgatado foi do empresário do ramo de calhas, Gelson Bastos de Araújo, que flutuou após todas as portas dos compartimentos serem serradas para tirar os demais – estavam em estado de gigantismo e não puderam ser retirados pelos acessos normais.
fonte:dc