Diferentemente da Lua, que acompanha o planeta há bilhões de anos, esse objeto vai transitar ao redor da Terra por apenas dois meses antes de seguir seu caminho de volta para o cinturão de asteroides do qual faz parte.
De acordo com as análises divulgadas até o momento, o asteroide, que mede cerca de 10 metros, orbitará nosso planeta entre este domingo (29) o dia e 25 de novembro.
A descoberta foi feita por uma equipe de cientistas especializados em “eventos de miniluas”, que monitoram constantemente o espaço em busca de objetos com comportamentos incomuns.
É comum a Terra manter miniluas temporárias
Segundo a pesquisa, publicada na revista The Research Notes of the AAS, o 2024 PT5 pertence ao cinturão de asteroides Arjuna, um grupo de rochas espaciais que seguem órbitas semelhantes à da Terra, a cerca de 150 milhões de quilômetros do Sol.
Carlos de la Fuente Marcos, professor da Universidade Complutense de Madrid e principal autor do estudo, explicou ao site Space.com que os asteroides do cinturão Arjuna fazem parte de uma população de objetos próximos à Terra.
Segundo ele, alguns desses objetos podem se aproximar a uma distância de 4,5 milhões de quilômetros do nosso planeta, a uma velocidade relativamente baixa de 3.540 km/h. “Nessas condições, a energia geocêntrica do objeto pode se tornar negativa e o objeto pode se tornar uma lua temporária da Terra. Este objeto em particular passará por esse processo a partir da próxima semana e por cerca de dois meses”, disse Marcos. “Não seguirá uma órbita completa ao redor da Terra”.
De acordo com o professor, essa captura temporária é comparável a um cliente olhando uma vitrine, sem realmente entrar na loja – dando “só uma passadinha”.
Os “eventos de minilua” são classificados em dois tipos: capturas longas e curtas. Capturas longas podem durar anos e envolver uma ou mais revoluções completas ao redor da Terra, enquanto capturas curtas, como a do 2024 PT5, geralmente duram semanas ou meses, sem que o objeto complete uma órbita.
Esses eventos de curta duração ocorrem com mais frequência, acontecendo várias vezes por década. Já as capturas longas são mais raras, ocorrendo a cada 10 ou 20 anos. Após seu período de minilua, o 2024 PT5 será ejetado da órbita terrestre devido à influência gravitacional do Sol e retornará a Arjuna.
Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (BRAMON) e colunista do Olhar Digital, disse que a Terra capturar temporariamente um pequeno asteroide como o 2024 PT5 não é nada inédito.
“Isso ocorre com certa frequência e não há nada com que se preocupar. Ele nem cairá na Terra nem irá competir em tamanho e brilho com a nossa Lua”, explicou o especialista. “Ao se aproximar da Terra, existe um ponto em que a infuência graviatcional do nosso planeta sobre o objeto se torna maior que a do Sol. Aí, dependendo da direção e velocidade relativa do asteroide, ele pode orbitar a Terra por um tempo. Geralmente, essas miniluas são ‘expulsas’ da órbita da Terra pela nossa Lua, que não suporta uma ‘terceira pessoa’ nessa relação”.
Infelizmente, o 2024 PT5 não será visível para observadores comuns. Devido ao seu pequeno tamanho e baixa luminosidade, será necessário um telescópio profissional de pelo menos 30 polegadas de diâmetro para observá-lo.
Fonte: OLHAR DIGITAL