O prazo dado pela milícia radical islâmica Taleban para executar um grupo de 21 missionários cristãos sul-coreanos no leste do Afeganistão terminou às 4h30 de hoje (horário de Brasília). Não há sobre os reféns. Os governos do Afeganistão e da Coréia do Sul intensificaram os esforços para conseguir a libertação das vítimas.
As autoridades afegãs pediram aos talebans que prolonguem por mais 48 horas o ultimato, apesar da ameaça dos rebeldes de matar a qualquer momento alguns dos 21 reféns.
“As negociações prosseguiam no momento em que venceu o ultimato. Os líderes tribais (mediadores a favor do governo de Cabul) pediram uma prorrogação de 48 horas. Esperamos a resposta”, declarou à AFP o deputado Mahmud Gailani, um dos negociadores de Cabul na província de Ghazni, 140 quilômetros ao sul de Cabul.
No entanto, o porta-voz dos talebans, Yusuf Ahmadi, disse por telefone à AFP que “um ou vário reféns podem ser executados a qualquer momento após a expiração do ultimato”. Os milicianos afirmam ainda que duas das 16 mulheres do grupo estão muito doentes.
O líder da equipe afegã de mediadores, Waheedullah Mujadedi, afirmou hoje que uma equipe sul-coreana entrou em contato com os radicais para tentar fazer com que eles os deixassem ver os reféns. Gailani, no entanto, classificou o encontro de “impossível e ridículo”.
Impasse
Até agora, o governo afegão se negou a ceder aos pedidos que os rebeldes colocaram como condição para a libertação dos reféns.
Um comunicado emitido pelas cinco forças políticas do país- incluindo o governamental Partido Uri e o principal opositor, o Grande Partido Nacional – pede que Cabul renuncie a seus princípios de não fazer concessões ao grupo armado, para que não haja mais vítimas fatais entre os reféns.
O governo afegão insistiu por meio do Ministério do Interior em que está fazendo “tudo o possível” para obter a libertação dos sul-coreanos, mas dentro dos limites “das leis e da Constituição”.
Coréia pede ajuda dos EUA
Na Coréia do Sul, partidos políticos pediram hoje que Washington e Cabul modifiquem sua postura na negociação para a libertar os seqüestrados, informou a televisão sul-coreana “YTN”.
Familiares dos religiosos tambéms pediram ajuda norte-americana na busca por uma solução para o impasse. Segundo eles, uma eventual intervenção seria a última esperança de se conseguir a libertação.
Na manhã de hoje, familiares dos reféns estiveram na Embaixada dos EUA em Seul. Depois de uma hora de reunião, eles foram informados que o apelo seria repassado a Washington.
Entenda o caso
No último dia 19 de julho, 23 voluntários cristãos sul-coreanos, entre eles 18 mulheres, foram seqüestrados pelos talebans na província de Ghazi, no leste do Afeganistão. Os radicais exigem a retirada das tropas sul-coreanas do Afeganistão e a libertação de oito presos da milícia na cadeia de Pul Charkhi em troca da libertação dos reféns.
O Taleban executou na quarta-feira passada o pastor Bae Hyung-kyu, de 42 anos, líder do grupo. Na última segunda, o grupo executou Shing Sung-min, de 29 anos. Segundo os seqüestradores, o sul-coreano foi morto porque o governo não tinha respondido “positivamente” a suas exigências.
Desde o início da crise, o grupo islâmico estabeleceu sucessivos ultimatos para executar os reféns e cumpriu as ameaças em duas ocasiões.