O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, afirmou hoje, ao chegar para uma audiência pública no Senado, que a discussão sobre a legalização do aborto “tem um viés machista” e que, se a gravidez indesejada “fosse um problema dos homens, já estaria resolvido há muito tempo”.
Ao comentar a manifestação contra a legalização do aborto feita ontem em Brasília por cerca de 2 mil católicos e evangélicos, o ministro disse aos jornalistas que percebeu a presença de maioria masculina no protesto. “Eu acho que as mulheres precisam ser ouvidas sobre este assunto”.
O ministro repetiu que considera o debate sobre a legalização do aborto uma discussão de saúde pública e não religiosa. Na avaliação dele, a presença do papa Bento XVI no Brasil não vai acirrar a divergência entre os grupos favoráveis e os contrários à legalização, porque a divergência já está acirrada.
Ontem (8), Temporão chamou de agressivos os líderes católicos que censuram as discussões sobre o aborto. “Não é possível ignorar que milhares de mulheres se submetem a esse procedimento e as pessoas digam que nada está acontecendo”, avaliou.
Voando, neste momento, da Itália para o Brasil, Bento XVI criticou, em conversa com os jornalistas no avião, os políticos que defendem o aborto. Questionado sobre a ameaça de líderes eclesiásticos mexicanos de excomungar parlamentares que aprovaram a legalização do aborto na Cidade do México no mês passado, o papa disse: “Esta excomunhão não seria arbitrária, mas sim permitida pela lei canônica, que diz que matar uma criança inocente é incompatível com receber a comunhão, que é receber o corpo de Cristo”. (Carol Ferrare)