O ministro da Justiça, Tarso Genro, vai a Mônaco no próximo sábado, 22, para negociar a extradição do ex-banqueiro Salvatore Cacciola. Tarso vai se encontrar com o diretor-geral de Justiça do Principado, Philippe Narminau, a fim de apresentar às autoridades de Mônaco os motivos da condenação de Salvatore Cacciola no Brasil e iniciar uma negociação para a extradição do ex-banqueiro.
Salvatore Cacciola, presidente do Banco Marka, havia sido condenado a 13 anos de prisão por desvio de dinheiro público e gestão fraudulenta de instituição financeira. Ele estava foragido há sete anos e foi preso pela Interpol, no dia 15.
Na segunda-feira, o governo brasileiro pediu a prisão preventiva do ex-banqueiro com finalidade de extradição. A Justiça de lá ainda não julgou o pedido, mas mantém Cacciola preso.
A assessoria de imprensa do ministro explicou que ele vai pessoalmente negociar a extradição, pois as autoridades de Mônaco teriam expressado o interesse em que um representante do governo brasileiro expusesse os objetivos da extradição.
O pedido formal para a extradição do ex-banqueiro deve ser apresentado na próxima semana, depois que o processo – de mais de 500 páginas – tiver sido traduzido para o francês. O prazo para o Ministério da Justiça do Brasil é de 20 dias, renováveis por mais 20.
A Procuradoria-Geral de Mônaco avisou que, mesmo não tendo recebido ainda o pedido formal de extradição, a liberdade não virá antes do julgamento. Também advertiu que o príncipe de Mônaco, Albert II, a quem caberá a decisão, quer rigor contra acusados de crimes em outros países.
Entenda o caso do Banco Marka
O Banco Marka e o Banco Fontecindam foram socorridos pelo Banco Central um dia após a mudança do regime cambial, em 14 de janeiro de 1999. Na prática, o que ocorreu foi que os dois bancos haviam apostado que o real não seria desvalorizado e venderam vultosos contratos de dólar na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) em operações de derivativos.
Quando a política cambial foi modificada e se adotou o regime de flutuação do dólar, os bancos constataram que haviam apostado no “perdedor” e por motivos diversos ficaram impossibilitados de cumprir os contratos. Foram salvos, então, pelo Banco Central, que lhes vendeu dólares a R$ 1,27 e a R$ 1,32,respectivamente, quando a cotação estava em R$ 1,55, em quantidades suficientes para que honrassem seus compromissos.