Logo após o resultado da eleição para prefeito de Cuiabá ser definido, neste domingo (30), um grupo de servidores públicos, que aguardavam a chegada do prefeito eleito Emanuel Pinheiro (PMDB), bradaram palavras de ordem como: Eu sou servidor com muito orgulho, com muito amor e Pedro Taques, pode esperar, a sua hora vai chegar, demonstrando um claro tom de revanchismo na escolha do candidato à Prefeitura.
A animosidade entre a classe trabalhadora do Estado, o governador e o candidato Wilson Santos (PSDB), surgiram no período da greve geral pelo pagamento da revisão geral anual (RGA), em que o candidato, então líder do governo da Assembleia Legislativa, se posicionava firmemente contra o pagamento do reajuste. O impacto disso foi ponto preponderante no resultado da eleição municipal.
Ele entrou com aquela rejeição que ele tinha, inclusive o recente desgaste da discussão da RGA, que ele era líder do governo, lembra.
Questionando se, por conta dessa conjuntura, a derrota de Wilson Santos nas urnas seria também uma derrota política do governador Pedro Taques, o ouviu os analistas políticos e professores Onofre Ribeiro e Alfredo da Mota Menezes, que têm opiniões diversas com relação ao tema.
 
Para o professor Onofre Ribeiro, o desgaste de Pedro Taques junto ao funcionalismo público contribui pouco na campanha tucana. Para ele, o que pesou mais foi a candidatura lançada de improviso, no último momento. O desgaste do governador contribuiu um pouco, mas o que contribuiu mesmo, que foi a causa da derrota do Wilson Santos, foi uma candidatura improvisada, lançada nos 45 minutos do segundo tempo. Naquele dia quando Mauro Mendes sai, deixou o PSDB na obrigação de ter um candidato. O Wilson Santos era a quinta opção. Ele topou e entrou.
No entanto, Onofre afirma que a escolha de Wilson trouxe para a campanha o desgaste da RGA. Ele entrou com aquela rejeição que ele tinha, inclusive o recente desgaste da discussão da RGA, que ele era líder do governo, lembra.
Wilson saiu maior do que ele entrou. Foi bom, mesmo com a derrota. Para ele foi bom, se mostrou, falou o que tinha que falar, mostrou coisas da vida dele e tudo mais, opinou Alfredo Menezes.
Com relação à manifestação dos servidores no local da apuração dos votos, o professor afirma que isso não representa o pensamento único dos servidores. Isso não é a voz geral porque o próprio funcionário vai ser vítima de uma possível má gestão, votando com o fígado, trazendo para dentro de uma eleição de município uma briga de funcionário público, isso é pequeno. Isso não representa muito dentro a derrota. São posições mais isoladas, acredita.
Wilson perdeu, mas saiu fortalecido
Considerando o impacto da derrota para Wilson, o analista enxerga um saldo positivo para o deputado estadual, que volta fortalecido para a Casa de Leis. A trajetória do Wilson ficou ótima, ele volta para a Assembleia. Ele se elegeu deputado estadual, há dois anos, com 22 mil votos e volta com 103 mil votos. Ele ganhou. A vida dele segue normal. A situação dele é ótima.
O mesmo pensamento é compartilhado pelo professor Alfredo da Mota Menezes, que viu na eleição municipal uma oportunidade de fortalecimento do candidato tucano. Wilson saiu maior do que ele entrou. Foi bom, mesmo com a derrota. Para ele foi bom, se mostrou, falou o que tinha que falar, mostrou coisas da vida dele e tudo mais.
O governador foi muito bem votado aqui na eleição de governo. Perdendo a eleição aqui, ele vai ter que rever a relação dele com Cuiabá. Ele vai ter que criar uma estratégia para lidar com o eleitorado de Cuiabá", frisou.
Reavaliação do governador
No entanto, o resultado da eleição municipal teria sido pior para o governador, que deve rever seus conceitos para continuar com sua influência em Cuiabá, na visão de Ribeiro. O governador foi muito bem votado aqui na eleição de governo. Perdendo a eleição aqui, ele vai ter que rever a relação dele com Cuiabá. Ele vai ter que criar uma estratégia para lidar com o eleitorado de Cuiabá. É preciso que ele tenha sensibilidade para isso. Ele vai ter que mudar a linguagem e a estratégia. Ele vai ter que recomeçar porque todo mundo sabia que, apesar da improvisação, Wilson era candidato do governo, avalia.
Tradição de equilíbrio de forças
Mas o professor Alfredo Menezes minimizou essa visão negativa do impacto da eleição para o governador porque, segundo ele, a história mostra que virou tradição em Cuiabá, não eleger o candidato do governador. Se você pegar a história, o último governador que fez prefeito foi o Dante, em 2000, com Roberto França. De lá para cá, nenhum fez prefeito na capital, nem Blairo no auge. O Blairo perdeu a Prefeitura aqui e ganhou a eleição no Estado. (…) Blairo apoiou o Alexandre César e perdeu, o Blairo apoiou o Mauro Mendes e perdeu, Silval apoiou o Lúdio Cabral e perdeu. E o Pedro perdeu com o Wilson Santos. Virou tradição na capital, afirmou.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RepórterMT