Principal suspeito de matar a facadas Thamiris Souza Santos, de 30 anos, e suas filhas, Nayara Machado de Souza Santos, de oito, e Nicolly de Souza Santos, de quatro anos, o vendedor Magno Brandão Ferreira, de 27, frequentou a casa das vítimas, em São Vicente, no litoral de São Paulo, durante quatro dias enquanto os corpos entravam em decomposição. A conclusão da polícia foi possível após vizinhos relatarem que ele foi visto no local um dia antes de as vítimas serem achadas. O G1 entrou em contato com familiares de Ferreira, que informaram que não sabiam do paradeiro dele. A polícia já decretou a prisão temporária do suspeito.
As três foram encontradas na madrugada de domingo (10), após parentes indicarem à Polícia Militar a existência dos corpos na residência, no bairro Parque Continental. Thamiris tinha ferimentos de faca no tórax e no braço, enquanto que Nayara tinha dois ferimentos no tórax, e Nicolly, três no tórax e um no pescoço.
Um laudo preliminar emitido pelo Instituto Médico Legal (IML) estimou que o crime teria acontecido na terça-feira (5). Ou seja, por pelo menos quatro dias, Brandão continuou frequentando a casa das vítimas e convivendo com os corpos que já estavam em processo de decomposição.
De acordo com a responsável pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de São Vicente, Carla Cristina, vizinhos estranharam a ausência de Thamiris, que sempre era vista levando as filhas para a escola, e afirmaram que Brandão foi visto no sábado (9), andando desconfiado pela rua em que a família morava.
“Ele permaneceu com as vítimas no interior da residência durante todo esse tempo. E, lá dentro, havia roupas masculinas sujas de sangue. Tudo leva a crer que tenha sido ele”, explica.
De acordo com a delegada, pesa o fato de que ele, por manter um relacionamento com a vítima, não acionou a polícia em nenhum momento para noticiar o crime. “Estamos em diligências para achá-lo, e qualquer informação é útil. Já foi feita representação pela prisão temporária dele”.
Alucinações
Além de conviver com os cadáveres das vítimas dentro de casa, Brandão também usou o celular de Thamiris para enviar mensagens ao pai dele. De acordo com a delegada, as imagens das conversas são fundamentais para as investigações.
“Percebemos que há frases desconexas, momentos em que ele estava alucinado. Isso pode ser associado ao uso de entorpecentes”, diz. Outros familiares do suspeito afirmaram que ele é usuário de drogas desde os 15 anos, e que as usava em uma área próxima à Cachoeira do Paratinga, na mesma cidade.
Em uma das mensagens, o suspeito conta que “acordou com uma faca na mão”, e que via a “mulher que mais amava dizendo que o perdoava”. Em seguida, ele se recusa a dizer o paradeiro para o pai.
O crime
Os corpos de Thamiris e das duas filhas foram achados por policiais militares na madrugada de domingo, após a indicação de familiares. Para entrarem na casa, um dos PMs abriu uma janela lateral da residência. Foi nesse momento que os corpos foram localizados.
O corpo de Thamiris foi encontrado no chão do corredor da casa. Ela apresentava duas profundas perfurações de faca no tórax e outra no braço direito, dando a entender que entrou em luta corporal com o autor do crime. Nayara estava em uma cama, com três perfurações no tórax e uma no pescoço. A caçula, Nicolly, tinha duas perfurações no tórax.
Segundo a Polícia Civil, foram feitas buscas nas residências na intenção de encontrar a faca utilizada no crime, mas ela não foi achada. O pai de Thamiris, Eduardo Antônio da Silva, afirmou que os dois haviam se separado, mas, por insistência de Brandão, acabaram voltando e passaram a morar juntos.
“Eu perdi a minha filha e duas netas. Isso não pode ficar impune. A Justiça precisa ser feita. Um cara desses é um monstro cruel. Ele matou a minha filha, as minhas netas maravilhosas, da forma que ele matou. Vamos rezar para Deus colocá-las em bom lugar”, desabafou o pai de Thamiris em entrevista ao G1.