O Ministério Público da Suíça investiga contratos secretos da CBF com parceiros comerciais e examina as suspeitas de que eles possam ter sido usados para justificar lavagem de dinheiro. A meta é tentar traçar a rota do dinheiro que passava pela entidade e por seu ex-presidente, Ricardo Teixeira. Há suspeitas de que o cartola teria recebido uma propina milionária para votar pelo Catar como sede da Copa de 2022 e os investigadores suíços querem saber se houve lavagem de dinheiro usando contas nos bancos locais.
Os escritórios da Kentaro, empresa que organizava os jogos da seleção brasileira entre 2006 e 2012 na Suíça, foram alvo de uma operação na semana passava. A cúpula da companhia confirmou a ação da Justiça e disse que vem fornecendo documentos desde 2013. O MP suíço também confirma a operação. "A companhia Kentaro AG no cantão de Saint Gallen entregou informações à Procuradoria-Geral no quadro de uma coleta de evidências em base cooperativa", declarou a assessoria de imprensa do MP.
O confisco envolveu centenas de páginas de contratos e de fluxos de pagamentos para a CBF, além de organogramas de depósitos. No interrogatório, que ocorreu em total sigilo, os dirigentes da Kentaro foram solicitados a explicar o fluxo do dinheiro, desde os contratos comerciais, televisão, gastos com a organização e o que seria dado para cada federação nacional.
Amistoso – Segundo a apuração do MP suíço, a CBF recebeu oficialmente 2 milhões de dólares pela realização de um amistoso contra a Argentina no Catar. Mas a suspeita levantada pelos investigadores é de que um valor ainda maior foi diretamente para o bolso de Ricardo Teixeira, o que poderia ser o indício de uma propina. Para que o dinheiro chegasse ao brasileiro, a suspeita é de que foi utilizada uma empresa com sede na Suíça que seria a intermediária de interesses do Catar. Trata-se da Swiss Mideast Finance Group, que ajudou a financiar a partida com seus parceiros ocidentais.
A companhia é a mesma que presta consultoria para a Qatari Diar, construtora estatal e que é responsável pelas obras da Copa do Mundo. A Qatari Diar é presidida por Ghanim Bin Saad, que acumula a gerência da Ghanim Bin Saad Al Saad & Sons Group Holdings (GSSG). As empresas se recusaram a comentar seu envolvimento no jogo em que a Argentina venceu o Brasil por 1 a 0, em novembro de 2010.
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