Depois de uma viagem de mais de 1.500 quilômetros, a comitiva da Aprosoja, que está na China desde o dia 26 de julho, chegou a Xangai, noroeste do país. Considerada uma das megalópoles chinesas e a mais moderna cidade do país, concentra três milhões de pessoas a mais que São Paulo, sendo 23,5 milhões. A cidade cresceu devida a posição privilegiada com um porto que virou umas das portas do comércio com o ocidente no século XIX.
Após as reformas econômicas de 1990, a cidade viveu um grande crescimento, o que levou o porto, instalado na cidade, a se tornar o maior em carga do mundo, em 2005. Em 2012, o porto de Xangai estabeleceu o recorde de 32 milhões de contêineres. Em movimento de carga, foram 736 milhões de toneladas. Enquanto o porto de Santos deve atingir 100 milhões de toneladas esse ano. Hoje, além de ser o maior centro financeiro e comercial da China, Xangai também é considerada símbolo da pujança da economia do país.
O rio que corta a cidade, o Huang Pu, encantou todos os presentes na expedição. Além de dar charme a Xangai ele tem outro grande papel. Com um grande tráfego de navios e barcaças, leva cargas de todos os tipos, de areia até pessoas. “Isso nos fez refletir o quanto estamos atrasados no Brasil, apesar de termos tantos rios navegáveis. A impressão de todos é que as cidades chinesas não deixam nada a dever para nenhuma dos Estados Unidos, ou Europa, com incontáveis e belos viadutos e complexos habitacionais recém-construídos”, disse o diretor executivo da Aprosoja Brasil que acompanha a comitiva a China, Fabrício Rosa.
Comitiva da Aprosoja conhece empresa de transporte da carga marítima, Rosco
Na manhã de segunda-feira (05), último dia da missão em terras chinesas, o grupo pode visitar a subsidiária do Grupo Hopefull Grain&Oil, a ROSCO, empresa de transporte de carga marítima a granel, incluindo grãos, carvão, minério de ferro, entre outros. Lá foram recebidos pelo presidente da empresa, Li Chuanmin, acompanhado do vice-presidente, Ruiyun Lu e de sua equipe de técnicos. O presidente da Rosco fez uma breve apresentação sobre a empresa.
Sobre os investimentos em portos no Brasil, o caso do Porto de São Francisco do Sul, onde a Hopefull tem um terminal, e se os investimentos têm relação com as dificuldades de logística brasileira, o presidente da rosco disse que foi uma decisão de alta cúpula e estratégica. Informou que também operam em Paranaguá, Santos, Rio Grande e no porto de Tubarão, e que já aconteceu casos de navios que tiveram que esperar 75 dias para carregar soja. Porém quando há atraso é pago uma multa pelo responsável pelo carregamento do navio.
Quanto às expectativas de a China elevar sua demanda pela soja brasileira e pelo milho, passando a negociar o grão com o Brasil também, o presidente foi incisivo. “A soja brasileira é conhecida na China pela alta qualidade em teor de óleo de proteínas e por isso é muito competitiva ao contrário da soja chinesa. Quanto ao milho acreditamos em um crescimento também, pois há muitas utilidades de uso do cereal, não só para ração animal, mas também para produzir etanol”, disse Lin.
Questionado sobre quanto tempo leva para um navio do Brasil chegar ao porto Tianjin, o presidente disse que havia acabado de chegar uma carga do Rio Grande do Sul e que havia levado aproximadamente 30 dias. Explicou que as cargas que vêm do porto de Seattle, na costa oeste dos Estados Unidos, no oceano pacífico, levam apenas 18 dias.
Lin contou que a Rosco foi fundada em 2009 para garantir o transporte próprio de cargas ao Grupo Hopefull. Em 2011, a empresa conseguiu abrir seu escritório no centro empresarial de Xangai. Hoje, tem uma frota capaz de movimentar próximo de 1 milhão de toneladas, dez navios Panamax que levam de 74 a 82 mil toneladas e um Capesize que leva 180 mil toneladas, todos com média de idade de menos de seis anos. As rotas da empresa cobrem mais de mil portos em mais de 100 países.
Li explicou também que antes todos os negócios eram fechados em CIF (incluíam custos de frete e seguro), pois a Hopefull dependia de terceiros no transporte das cargas. Após a criação da Rosco, uma parte dos negócios já está sendo feito em FOB (custo só até carregar o navio), o que reduz o custo global de transporte para a trading. Da soja importada utilizada na Hopefull, 50 % vêm dos Estados Unidos e os outros 50% da América do Sul, em períodos diferentes, de acordo com a época da colheita.
Segundo Fabrício, ficou claro que a China só conseguiu grande desenvolvimento porque seu governo elegeu prioridades e metas e a máquina pública trabalha focada em satisfazer essas prioridades. “Ficou para nós uma impressão muito boa da hospitalidade chinesa e ao mesmo tempo uma sensação de que há ainda uma grande necessidade de aproximação do Brasil e da China empresarial”, finalizou Fabrício.