Carro-chefe das exportações mato-grossenses com 84,32% da participação total das vendas externas, o complexo soja – formado pelos grãos, farelo, óleo e lecitina – apresentou recuou de 6,49% no período de janeiro a outubro. O valor da comercialização caiu de US$ 2,80 bilhões para US$ 2,62 bilhões. Em volume exportado, o montante total caiu de 12,16 milhões de toneladas para 9,41 milhões de toneladas.
Nestes dez primeiros meses o total exportado de soja em grão foi de US$ 1,74 bilhão, contra US$ 2,09 bilhão no ano passado, uma redução de 16,96% resultante da queda ainda maior de 30,61% no volume físico exportado, que recuou de 9,19 milhões de toneladas para 6,38 milhões de toneladas no período.
Para o vice-presidente da Fiemt, Jandir Milan, a queda nas exportações de soja em grãos está relacionada ao aumento do esmagamento para a produção de farelo e de óleo de soja, visando o atendimento da demanda interna, “como sugere, a queda do volume físico exportado de soja em grão e de óleo, e também pelo aumento na produção de farelo”.
Milan explicou que este quadro reflete o aumento da industrialização para atender o consumo interno em Mato Grosso e à necessidade de se produzir rações para os projetos de suinocultura e avicultura, que deverá ultrapassar a produção de carne bovina nos próximos anos. “Além disso, destinamos parte da produção de grãos para a indústria de biodiesel”, frisou.
Conforme a nova realidade da produção industrial mato-grossense os demais produtos do complexo soja – farelo, óleo e lecitina – registraram incremento no volume exportado de 21,92%, 29,77% e 37,08%, respectivamente, por conta do aumento nas cotações internacionais de 17,50% para o farelo e de 46,7% para o óleo.
CARNES – As exportações de carnes continuam sendo o principal destaque este ano, com crescimento de 28,52% no faturamento acumulado até outubro, quando o valor comercializado atingiu US$ 624,83 milhões, contra US$ 486,16 milhões no mesmo período do ano passado. Em volume exportado o incremento foi de 31,99%, passando de 209,37 mil toneladas para 276,36 mil toneladas. Esses resultados colocam o item “carnes” na segunda posição no ranking das exportações mato-grossenses, atrás apenas do complexo soja.
A carne bovina lidera em valor comercializado atingindo a marca expressiva de US$ 492,21 milhões e volume físico de 184,05 mil toneladas, com incremento de 15,10% e 13,61%, respectivamente.
As vendas externas de carnes de aves registram crescimento ainda mais expressivo (86,54%) no total comercializado por conta do aumento de 67,01% no volume físico – que passou de 42,14 mil toneladas, em 2006, para 70,37 mil toneladas, este ano – e também do incremento dos preços em 11,71% em relação à cotação do ano passado.
De acordo com o levantamento divulgado ontem pela Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Fiemt), a carne suína continua recuperando as perdas dos meses anteriores, com incremento de 309,67% em valor (saltou de US$ 10,64 milhões para US$ 43,62 milhões).
Para o economista Carlos Vitor Timo, o segmento industrial de abate de animais e de processamento de carnes tem um enorme potencial de crescimento em Mato Grosso, “atestado pelos recentes anúncios de investimentos em novas indústrias de aves, de suínos e de bovinos, com plantas de curtumes e usinas de biodiesel acopladas, contribuindo para o processo de verticalização e agregação de valores à produção”.
DC