Que o papa Francisco é pop, isso não há dúvidas. O pontífice está sempre comentando assuntos “quentes” e que atingem a sociedade de forma cotidiana. Na última semana, por exemplo, depois de receber uma carta de Luyara, filha da vereadora Marielle Franco, ele ligou para a família a fim de prestar solidariedade. Nesta sexta-feira (23), o líder da Igreja Católica lançou o livro “ Deus é jovem – uma conversa com Thomas Leocini ”, publicado pela editora Planeta, no Brasil.
A obra traz reflexões sobre diversos temas – sempre colocando os jovens como grandes protagonistas da história. Para papa Francisco , a sociedade moderna criou duas categorias de pessoas “descartáveis”: os velhos e os jovens. Por isso, defende a importância de ouvirmos – ou voltarmos a ouvir – anciãos e novas gerações, em busca de uma sociedade melhor.
Outro ponto interessante colocado na obra – de coautoria do escritor e jornalista Thomas Leoncini – é o papel de adultos e educadores para a falta de diálogo entre gerações. Nunzio Galantino, Secretário Geral da Conferência Episcopal Italiana (CEI), que participou do lançamento do livro nesta sexta, destaca que “os adultos querem falar como mestres dos jovens de qualquer maneira. Eles querem ser sempre os professores dos jovens. Não é uma reivindicação apropriada, especialmente desde quando tem essa reivindicação sem antes apresentar uma premissa interior”.
Segundo ele, os adultos deveriam confessar abertamente a responsabilidade de ter deixado às novas gerações um mundo não digno de suas esperanças e expectativas. “E, ao contrario, ter deixado um mundo de consumismo, de busca obsessiva pelo poder”, apontou.
Na obra, o papa também discorre sobre a arte de governar a si mesmo e governar os outros. “Governar é servir cada um de nós, cada um dos irmãos que compõem o povo. Não se deve governar para brincar de Deus, precisamos olhar para baixo para ajudar os outros, para levantar alguém”, defendeu Galantino, enquanto lia trechos do livro.
Defesa da liberdade de expressão
Constantemente, Francisco encoraja jovens do mundo todo a “falar francamente e com total liberdade”. Thomas Leonicini comenta que “ele é o maior revolucionário de nossos tempos, o homem mais corajoso. O líder religioso mais importante do mundo que decide se dedicar exclusivamente àqueles que ficaram para trás, os mais frágeis. Que defende que fragilidade não é motivo de se envergonhar, porque são esses seres que podem construir uma sociedade diferente”.
Falando sobre a experiência de dialogar com o papa Francisco durante a escrita do livro, Leoncini disse que o pontífice o “ensinou o infinito”. “Eu entendi aos poucos o nível de humildade e grandeza que esse homem tem. Falamos sobre o problema dos jovens de se sentirem invisíveis em uma sociedade hiper conectada, hiper social, hiper socializada, e mesmo assim não se sentirem vistos. Então perguntei a ele do que ele tinha medo quando era jovem. E ele me respondeu que temia não ser amado. Esse medo foi superado ao buscar autenticidade, superando a sociedade da aparência de hoje, aceitando-se pelo que é”, completou.