Será lançado neste sábado, 24, o Projeto “Afinal, a copa é para o quê e para quem? Processo de produção e troca de conhecimento em tempo de desiformação” que será executado pelo Comitê Popular da Copa de Cuiabá, que reúne integrantes de movimentos sociais e pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso, com o objetivo de monitorar os impactos socioambientais das obras da Copa do Mundo de 2014. O lançamento será às 16h no Centro de Cultura Popular do Parque Geórgia, um dos bairros que sofrerá com os impactos das obras de mobilidade urbana.
Os bairros Castelo Branco, Renascer, Pedregal e Bela Vista também estão enfrentando problemas com as futuras remoções e desapropriações, e serão alvos do mesmo evento, que se repetirá em outros bairros em que estão previstas desapropriações e impactos socioambientais.
Durante o lançamento serão apresentados dados da Secopa acerca das obras naquele bairro, a fim de conscientizar a população de seus direitos frente às mudanças previstas e da importância da organização popular para cobrar o Executivo a lisura de todos os processos legais.
Também serão apresentados documentários na forma de curtas-metragens produzidos por coletivos independentes de outras cidades-sede da Copa que tratam do tema das remoções e desapropriações. Os filmes abordam iniciativas da sociedade civil para divulgar situações de injustiça e os conflitos de interesses entre população, empresários, empreiteiras e governo nesse cenário.
Projeto contemplado
O projeto “Afinal, a copa é para o quê e para quem? Processo de produção e troca de conhecimento em tempo de desiformação” proposto pelo Comitê e aprovado pelo edital do Fundo Brasil de Direitos Humanos, era direcionado às cidades-sede da Copa do Mundo, com o objetivo de ajudar grupos sociais no controle público e na mobilização para as questões relacionadas aos Mega Eventos e a Copa do Mundo.
De acordo com o projeto, o Comitê Popular da Copa é responsável por realizar oficinas de audiovisual nas comunidades atingidas. Dessa maneira, os próprios moradores dos bairros ajudarão a contar suas histórias em pequenos filmes sobre os impactos socioambientais, partindo da perspectiva local. Esses filmes resultarão no documentário final que será lançado junto a população de Cuiabá.
A proposta de trazer os moradores para a liderança dos processos de resistência é uma das características principais do projeto. “O objetivo é despertar nestes atores sociais a confiança na capacidade de resistência autônoma a empreendimentos globais que sejam maléficos aos interesses de suas comunidades”, explica o estudante Edzar Allen, um dos militantes do Comitê.
Articulação Nacional
Cuiabá não está isolada nesse panorama. Tem em comum com as outras cidades-sede a repentina mudança na rotina da população por conta de obras de mobilidade, a expectativa com um megaevento e os claros impactos em bairros de periferia. No entanto, tem em comum também a iniciativa da sociedade civil em monitorar estes impactos e produzir ações de resistência.
As 12 cidades-sede possuem Comitês Populares, que se articulam nacionalmente em um fórum chamado Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa e das Olimpíadas. A organização social na capital mato-grossense ainda é incipiente se comparada a grandes centros como São Paulo, Rio de Janeiro e até cidades médias como Fortaleza e Belo Horizonte. Mas as experiências dessas sedes são importantes para parametrizar as ações locais.
“Estamos correndo atrás de produzir informações sobre o que acontece com aquelas populações ‘invisíveis’ aos olhos do governo, da mídia e das empreiteiras”, explica o Jornalista Caio Bruno, também militante do Comitê da Copa. “As iniciativas que conhecemos de outras cidades nos mostram como é importante ajudar estas comunidades a se organizar, pois o que vemos são remoções forçadas por interesses financeiros e pela especulação imobiliária, desrespeitando Direitos Humanos e Civis sem qualquer explicação ou resistência”, finaliza.