Todos aqueles que defendem a chamada “cura gay”, ou que desejam discutir o tema, deveriam assistir ao filme “Boy Erased: uma verdade anulada”. Dirigido por Joel Edgerton e com atuação convincente de Russell Crowe e digna de premiação de Nicole Kidman, traz ao foco uma história verídica que precisa ser mais e melhor conhecida.
O eixo dramático é Garrard, interpretado por Lucas Hedges, um jovem de 19 anos que vive em uma pequena cidade do Estado de Arkansas. O pai, pastor, e a mãe, dona de casa, ficam chocados quando o rapaz revela ser homossexual. Aconselhado pelos membros mais velhos da comunidade, o pai decide pela internação em uma clínica.
E assim somos imersos nas ações terapêuticas que oferecem a “cura” da homossexualidade. E elas passam por diversas camadas: a postura física, o levantamento de antecedentes familiares, o mergulho em si mesmo na busca de “desvios” e práticas grupais em que cada “paciente” é levado ao limite de suas forças.
O tom frio e distante do filme contribui muito para que não se caia no melodrama, o que prejudicaria o resultado final. O que se tem é a visão de dentro do processo de um jovem que teve forças para relatar o que viveu. Acima de tudo, a obra alerta que não se trata de “aceitar” ou “conviver” com os gays. Trata-se simplesmente de entender que seres humanos são diferentes em muitas coisas, inclusive nas preferências sexuais. Por que isso pode ser tão difícil para muitos?
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. |