quinta-feira, 21/11/2024
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Sob pressão de ruralistas e do Centrão, ministro da Agricultura vira alvo de ala do próprio partido

O grupo insatisfeito é formado por deputados…

Na mira de parlamentares do Centrão e da bancada ruralista, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, passou a ser alvo de fogo amigo dentro do seu partido, o PSD. Nas últimas semanas, uma ala da sigla contribuiu para intensificar as queixas, com o objetivo de enfraquecer o chefe da pasta. Fávaro já foi criticado publicamente pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), por privilegiar o seu estado, o Mato Grosso, na destinação de verbas herdadas pelo antigo orçamento secreto. Fávaro também tem sido alvo de setores do agro no Congresso que reclamam da falta de sustentação de políticas públicas.


No PSD, uma parte da bancada na Câmara se sente alijada de espaços de poder e vê na possibilidade da saída de Fávaro uma oportunidade de ser atendida, com a indicação de um nome desse grupo para ocupar a cadeira que ficaria vazia. O assunto vem sendo tratado internamente, e chegou ganhar atenção do presidente da sigla, Gilberto Kassab, segundo um ministro a par da situação.

O grupo insatisfeito é formado por deputados do Paraná, atualmente com 7 parlamentares eleitos — a maior bancada estadual do partido na Câmara, atrás da Bahia, com 6.

Em caráter reservado, deputados paranaenses da legenda alegam sustentar financeiramente boa parte do partido —devido aos fundos eleitoral e partidário, calculados de acordo com número de deputados eleitos — e, ao mesmo tempo, sofrer o maior desgaste político. O PSD tem atualmente três ministérios no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto o eleitorado do Paraná tem apelo bolsonarista.

Esse grupo do PSD encontra eco em aliados de Lira que ainda estão insatisfeitos com a distribuição de verbas. Fávaro direcionou mais da metade da verba liberada do antigo orçamento secreto no guarda-chuva da Agricultura ao seu estado, concentrando em três cidades de Mato Grosso.

Segundo um ministro aliado de Fávaro, o caso é apenas “um ruído normal”, que deve ser resolvido internamente. Ele destaca, porém, que a situação do colega, ex-senador, não é fácil: atender, ao mesmo tempo, às demandas seus antigos pares no Senado e Lira, que busca ter mais poder sobre o Orçamento.

No Palácio do Planalto, Fávaro é visto como um auxiliar fiel a Lula, a quem o presidente depositou confiança antes mesmo da campanha. Fávaro ajudou o petista a dialogar com um setor hostil à sua candidatura e que tinha preferência pelo bolsonarismo.

Procurado pelo GLOBO para comentar a situação dentro do próprio partido, Fávaro afirmou, via assessoria, que mantém “ótima relação com o Congresso”.


A insatisfação sobre o repasse de verbas aumentou nesta semana, com a votação de um projeto orçamentário pelo Congresso que tirou R$ 45 milhões do seguro rural, mecanismo que compensa produtores pelo prejuízo de safras afetadas pelo clima.


Esse dinheiro foi redirecionado a uma ação no Ministério da Agricultura que pode atender a demandas de parlamentares. A ideia seria “consertar” parte do problema criado com o Congresso, mas causou outros ruídos.

A bancada ruralista reclamou do cobertor curto e pediu ao governo a garantia de que mais dinheiro fosse injetado no seguro rural. Além dos R$ 45 milhões, a cifra de R$ 1,45 bilhão.

Na quarta-feira, mesmo dia da votação da proposta, parlamentares da bancada ruralista se reuniram com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para falar sobre a possibilidade de incremento do seguro rural. Após o encontro, dois participantes disseram ao GLOBO que Fávaro ainda não tinha oficializado o pedido para que o programa fosse ampliado.

Procurado, Haddad afirmou que Fávaro tem se debruçado sobre o assunto e que já conversou em outras oportunidades sobre o tema.

— Ele tem essa preocupação (de aumentar o seguro rural) — disse Haddad ao GLOBO.

Durante a votação em plenário da proposta que tirou verba do seguro, na tarde de quarta-feira, o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, Pedro Lupion (PP-PR), lamentou o envio do texto que retirava dinheiro da iniciativa.

O projeto em questão só foi aprovado após o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmar que o governo se comprometia ao menos a recompor os R$ 45 milhões do seguro rural.

— Estamos em negociação com a ministra Simone Tebet e o ministro Fernando Haddad, tratamos hoje isso com Haddad, porque precisamos de uma suplementação de R$ 1,5 bilhão para seguro ainda este ano, para resolvermos problema de safra ainda de 2023. Para nossa surpresa, e obviamente decepção, vimos dentro do próprio Ministério da Agricultura o cancelamento de praticamente R$ 130 milhões de seguro. Nessa situação específica (do projeto em votação), R$ 45 milhões que foram apresentados pelo Ministério da Agricultura para cobrir outras rubricas e questões que estão no PLN 22 — reclamou Lupion: — É óbvio que nós, como bancadas ruralista, como Frente Parlamentar da Agropecuária, não temos a mínima condição de concordar com isso.


No fim de agosto, no auge do conflito entre Fávaro e Lira, o Palácio do Planalto chegou a ordenar que o Ministério da Agricultura fizesse novos empenhos para atender às demandas dos deputados. A ordem era corrigir a desproporção do envio de recursos, o que ainda não equalizado de forma satisfatória.

A tensão sobre o tema escalou na ocasião. Em um jantar promovido, Lira sugeriu, inclusive, a demissão de Fávaro.

A conduta do ministro também irritou articuladores políticos do governo. No início do segundo semestre, antes de Fávaro realizar os empenhos que desagradaram ao Centrão, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, o alertou que esse direcionamento criaria um problema político para o governo. 

Fonte: O Globo

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Parmenas Alt
Parmenas Alt
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