O ditador da Síria, Bashar al Assad, disse nesta terça-feira que o país vive "um estado real de guerra" após os 15 meses de confronto entre o regime e a oposição. No entanto, não apresentou sinais de arrefecer os combates, afirmando que "todos os esforços do governo devem estar apontados para a vitória".
"Nós vivemos em um estado real de guerra por todos os ângulos. Quando estamos em uma guerra, todas as políticas, todos os lados e todos os setores precisam ser direcionados para ganhar esta guerra".
Na primeira reunião do novo governo sírio, empossado após as eleições de maio, Assad criticou os países que pediram a sua saída, especialmente os do Ocidente, afirmando que as potências "tiram e nunca dão e isso é provado em qualquer estágio".
"Queremos boas relações com todos os países, mas precisamos saber onde estão nossos interesses".
O discurso ainda incluiu comentários sobre o desenvolvimento de energia renovável e a importância estratégica do setor agrícola.
O ditador também disse que os sírios saberiam apoiar o governo caso sejam as reformas políticas sejam explicadas de modo mais efetivo. "O problema é a comunicação com os cidadãos. Quando não explicamos, os cidadãos não sabem quais são seus recursos, então o governo não será avaliado de forma objetiva".
SUSPENSÃO
Nesta terça, a ONU (Organização das Nações Unidas) manteve a suspensão da missão de observadores no país devido à escalada da violência, afirmou o chefe da missão, Herve Ladsous, ao Conselho de Segurança.
Ladsous afirmou em um encontro a portas fechadas que os civis no país estão em "perigo crescente" e que as "condições não são propícias para retomar as operações", afirmaram fontes diplomáticas após a reunião.
Os quase 300 observadores deixaram de monitorar a situação no país em 16 de junho com o agravamento dos ataques das forças do regime de Bashar al Assad contra a oposição.
Ladsous afirmou que a missão da ONU continua tentando ajudar os trabalhadores humanitários na Síria, mas observou que o governo deste país mantém obstáculos, como a proibição do uso de telefones por satélite.
Antes mesmo da suspensão das patrulhas, o regime de Assad negou à ONU o uso de helicópteros próprios para o deslocamento em seu território.
Ativistas sírios afirmam que mais de 15 mil pessoas morreram no conflito de 15 meses entre o regime e a oposição.
ATAQUE A AVIÃO
Após uma reunião organizada nesta terça-feira, a Otan considerou "inaceitável" o ataque ao avião militar turco pela Síria e assegurou que acompanhará "com muita atenção" a situação na região.
"Consideramos este ato inaceitável e o condenamos nos termos mais duros. É outro exemplo do desprezo das autoridades sírias em direção às normas internacionais, a paz e a segurança", afirmou o secretário-geral, Anders Fogh Rasmussen.
Rasmussen disse que na reunião dos embaixadores, solicitada pela Turquia no último fim de semana, "não se discutiu" o artigo 5º do Tratado da Aliança Atlântica, que estabelece que os aliados podem recorrer ao uso da força caso um de seus países-membros for atacado.
Folha.de.SP/C Ag Int