A atitude truculenta praticada pela polícia durante a manifestação dos motoristas em Rondonópolis (200 km da capital), provocou indignação por parte de vários empresários e entidades de classe do estado. Com o intuito de dispersar os manifestantes a policia militar disparou vários tiros com balas de borracha e gás lacrimogêneo. Além do mais, caminhões foram depredados.
Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de Mato Grosso (Sindipetróleo), a atitude adotada pelos policiais foi extremante apelativa. Ele acredita que existem muitas maneiras e formas de se chegar a algum acordo sem o uso de instrumentos. “Usar de força ou equipamentos que venham intimidar os manifestantes é inaceitável”, observou Fernando Chaparro, presidente do sindicato.
A alteração da jornada de trabalho dos caminhoneiros para oito horas, é visto por Chaparro como preocupante. Ele acredita que reduzir a jornada vai causar transtornos econômicos e também de logística. “Acredito que a jornada deverá passar de oito para doze horas”, afirma Fernando, que esse espaço de tempo é suficiente para o motorista executar o seu trabalho.
O empresário Roberto Giequelin, de Nova Mutum, diz estar preocupado com a redução da jornada de trabalho dos caminhoneiros. Ele acredita que essa medida vai trazes congestionamento nos armazéns no período da safra, além de gerar novas contratações. “Com a antiga jornada de trabalho os armazéns já ficavam congestionados, imagine com a redução da carga horária!”, disse Roberto.
Um outro fator apontado pelo empresário são as novas contratações, que para ele não significará motorista descansado, ou melhor, sem dupla jornada, mas sim, experiência. “Por exemplo, para se dirigir um bitrem o motorista tem que ter um curso, além do mais, tempo de trecho pois, não é fácil dirigi-lo”, enfatizou.
Bloqueio
Os caminhoneiros bloquearam na última quarta-feira (6), as rodovias BR-364 e BR-163, no perímetro urbano de Rondonópolis. O bloqueio dos motoristas durou cerca de 32 horas
A manifestação aconteceu porque os caminhoneiros são contra a limitação da jornada de trabalho, em oito horas por dia. Eles alegam que a determinação prejudica os trabalhadores e cobram o fim da liminar.
Determinação
A medida foi determinada na liminar concedida em 17 de dezembro do ano passado, pelo juiz Ângelo Henrique Peres Cestari, da 1ª Vara do Trabalho de Rondonópolis. Segundo o Ministério Público do Trabalho de Mato Grosso, autor do pedido na Justiça, o objetivo é cumprir a Constituição e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), além de combater o excesso de jornada e o uso de drogas.
A medida vale para os Sindicatos das Empresas de Transportes de Cargas, Confederação Nacional dos Transportes (CNT) e Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A mudança prevê a identificação dos discos do tacógrafo dos caminhões com a placa do veículo, data e nome do motorista. O controle da jornada caberá às empresas, que deverão arquivar as fichas com os horários por cinco anos. O desrespeito à regra resultará em multa de R$ 1 mil por cada motorista irregular e por cada mês em que não for adotado o sistema de fiscalização.
O Ministério Público do Trabalho disse que não vai pedir revogação da liminar porque entende que este movimento é ilegítimo.