domingo, 22/12/2024
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Setor siderúrgico piora perspectivas e ameaça demitir mais 4.000 em 2015

SÃO PAULO (Reuters) – A indústria siderúrgica do Brasil voltou a revisar para baixo suas estimativas de desempenho neste ano e informou nesta segunda-feira que pode demitir mais 4.000 funcionários até o final do ano, diante do baixo nível de utilização de capacidade produtiva.

O Instituto Aço Brasil (IABr), que representa as siderúrgicas, afirmou que desde junho do ano passado o setor demitiu 11,2 mil funcionários, com outros 1.400 em suspensão de contratos de trabalho. Incluindo os 4.000 ameaçados de corte, o setor pode chegar ao fim do ano com uma redução de cerca de 12% de sua força de trabalho em relação a junho do ano passado, disse o presidente-executivo do IABr, Marco Polo de Mello Lopes, a jornalistas, durante congresso da indústria.

A projeção de cortes vale para o atual cenário estimado pelo IABr, que vê queda na produção de aço bruto de 3,4% no Brasil este ano, a 32,75 milhões de toneladas. Até abril, a entidade esperava por uma alta de 6,5% na produção neste ano.

"Mercado interno fraco, energia mais cara, juros e carga tributária em alta fizeram com que o setor enfrentasse uma utilização de capacidade muito baixa. Estamos operando a 69% quanto o ideal seria acima de 80%", disse Lopes. "Infelizmente, se não houver uma reversão, vai haver um agravamento da situação", disse ele em relação às demissões.

O IABr também cortou a projeção para as vendas no mercado interno, que já era de queda. A entidade espera agora recuo de 15,6% no volume de aço comercializado no Brasil em 2015, a 18,3 milhões de toneladas. A estimativa anterior previa queda de 8% nas vendas sobre 2014.

A perspectiva para o consumo aparente, que inclui vendas internas mais importação, é de queda de 12,8% este ano, a 24,6 milhões de toneladas, ante estimativa anterior de queda de 7,8%.

"Considerando os últimos dois anos, temos uma queda de mais de 20% no consumo aparente", disse Benjamin Baptista Filho, presidente do IABr e da ArcelorMittal no Brasil. "Se os clientes não estão conseguindo produzir como previam antes, isso tem um impacto direto em nós", acrescentou.

Baptista disse que a situação mais grave é para o segmento de aços planos, uma vez que em longos ainda há demanda de obras de moradia e infraestrutura, apesar da escassez de novos projetos. "A luz não está no fim do túnel", disse o presidente da ArcelorMittal no Brasil.

Atualmente, o setor está com dois alto-fornos, quatro aciarias e quatro laminadores parados, disse o presidente-executivo do IABr. Além disso, tem uma série de equipamentos comprados mas ainda não instalados, incluindo dois alto-fornos, uma aciaria e dois laminadores.

A Usiminas anunciou em meados de maio o desligamento temporário de dois alto-fornos, reduzindo sua produção para se adequar à demanda do mercado interno.

Números do semestre

Em junho, a produção de aço bruto do Brasil subiu 2,1% sobre o mesmo período do ano passado, a 2,776 milhões de toneladas, mas ficou bem abaixo das 2,983 milhões de toneladas de maio deste ano. No primeiro semestre, a produção das siderúrgicas brasileiras subiu 2% em relação ao mesmo período do ano passado, para 17,075 milhões de toneladas.

Já as vendas no mercado interno somaram no mês passado 1,45 milhão de toneladas, queda de 9,4% sobre junho de 2014 e praticamente estável sobre as 1,49 milhão de toneladas de maio. No semestre, as vendas somaram 9,728 milhões de toneladas, queda de 12,9% sobre a primeira metade de 2014.

 

 

 

Alberto Alerigi Jr.Uol EconomiaREUTERS

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