O câmbio deixou de ser um problema apenas da indústria e os produtores rurais se juntaram ao coro de reclamações contra o real forte. Sem a ajuda dos preços internacionais recordes de antes da crise, a valorização da moeda prejudica a rentabilidade das exportações agrícolas.
Depois de três anos de bonança, o setor agropecuário experimenta queda da remuneração em moeda local. Os preços em reais das exportações agrícolas cederam 14,5% entre junho e setembro, diz o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Em relação a setembro de 2008, antes da crise, a queda é de 11%.
O câmbio anulou os ganhos da recente recuperação das commodities, que voltaram a subir com o início da retomada da economia global. Enquanto os preços em dólares das exportações agrícolas avançaram 6,3% no terceiro trimestre, o real se valorizou 19,6% em relação às moedas dos principais parceiros do agronegócio.
Estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) mostra que, se o câmbio ceder abaixo de R$ 1,60, muitos setores agrícolas “ficam no vermelho”. O câmbio limite, que zera a margem de lucro, está, por exemplo, em R$ 1,71 para os exportadores de frango.
“Se o agronegócio, que é a menina dos olhos, está nessa situação, imagine o resto”, disse o diretor de comércio exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Roberto Giannetti da Fonseca. O setor agrícola garante o superávit da balança comercial brasileira.
G1