Durante reunião exaustiva realizada entre representantes da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), pecuaristas de Vila Rica (1.259 km de Cuiabá) e diretores do Grupo Frigorífico Quatro Marcos, não se conseguiu chegar a um consenso. Segundo informações do presidente da Famato, Rui Prado, o setor sugeriu que o grupo efetuasse o pagamento de 50% da dívida que há com o produtor, o restante (50%) poderia ser parcelado. No que tange à esfera estadual, o setor cobra a redução do valor da taxa do ICMS do boi em pé.
Quanto à proposta apresentada ao grupo, sobre o parcelamento da dívida, ainda não há uma resposta concreta. De acordo com Prado, o grupo não tem apresentado propostas que venham minimizar a angústia do setor. “Até o momento não tem nada definido. Eles estão irredutíveis com relação a nossa proposta apresentada”. Prado disse ainda que o grupo Quatro Marcos tem alegado que o não-fornecimento dos animais provoca entraves no giro de capital da empresa.
Para tentar buscar uma saída para o setor, o presidente da Famato cobrou novamente do governador do Estado a redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) do boi em pé. Hoje a comercialização do boi em pé está em 7% sobre a pauta da carne. O setor produtivo sugere que o governo reduza para 2% a cobrança da taxa. A solicitação foi reforçada via telefone, durante a reunião. O governo ainda analisa a sugestão.
Conforme o presidente do Sindicato Rural de Vila Rica, Ivan Pelissari, caso o governo reduza a taxa do imposto, esta medida vai possibilitar ao segmento fornecer animais em unidades frigoríficas de outros estados, como Pará, Tocantins e São Paulo. “A localização geográfica do nosso município favorece o fornecimento dos animais. Por exemplo, nós estamos a 40 km do asfalto que dá acesso ao estado do Pará”, comentou Pelissari, lembrando que tentar buscar outras unidades em Mato Grosso não será tão viável devido às péssimas condições da malha viária.
O setor produtivo acredita que até esta quarta-feira uma decisão possa ser tomada com relação ao pagamento dos 135 produtores no que se refere ao montante de R$ 12 milhões.
A assessoria da Famato tentou falar com representantes do grupo Quatro Marcos em Mato Grosso, mas não conseguiu localizá-los.
Na tentativa de se chegar a um acordo, os representantes do frigorífico Quatro Marcos e diretores da Famato estiveram reunidos ontem à tarde na sede da Federação. Sem muita proposta, os diretores da empresa frigorífica Quatro Marcos, que possui seis unidades no estado (Alta Floresta, Colíder, Cuiabá, Juara, São José dos Quatro Marcos e Vila Rica), querem que os produtores rurais da região de Vila Rica continuem fornecendo bois para abate.
Participaram da reunião o diretor-tesoureiro da Famato, Eduardo Alves; o consultor de pecuária da Federação, Luiz Carlos Meister e o parlamentar federal, Homero Pereira.
Bloqueio – A manifestação pacífica teve início no dia 5 de abril. Mais de 200 produtores bloquearam a estrada que dá acesso à unidade frigorífica. A intenção dos manifestantes foi bloquear a entrada de caminhões de bois para que os animais não fossem abatidos.
Mediante ação da Justiça, os produtores deixaram o local no dia 9 de abril e bloquearam a BR-158 sentido Vila Rica – Pará (PA).
Logo no início da manifestação, os produtores estiveram reunidos duas vezes com diretores do grupo, mas não conseguiram chegar a um acordo.
Eles também haviam registrado uma carta de repúdio contra o frigorífico. “Neste momento nos encontramos de mãos atadas pela figura caótica e famigerada do engodo, a qual vem revestida e disfarçada em nome de “recuperação judicial”, que por sua vez tem a finalidade de salvaguardar o princípio do fim social da empresa em situação de recuperação”.
Passeata – Preocupados com a situação que já vem se arrastando há mais de 15 dias, comerciantes da cidade de Vila Rica aderiram à manifestação e fecharam as portas como forma de protesto. Segundo o presidente do Sindicato Rural da cidade, Ivan Pelissari, a insegurança econômica no município se instalou de maneira geral. “O comércio da cidade também tem sentido o reflexo da crise econômica”, frisou o presidente.