No texto descritivo da ideia, seu autor, o empresário paulista Marcelo Alonso, escreve: “São somente [o funk] um recrutamento organizado nas redes sociais por e para atender criminosos, estupradores e pedófilos a prática de crime contra a criança e o adolescente, venda e consumo de álcool e drogas, agenciamento, orgia, exploração sexual, estupro e sexo grupal” (sic).
A ideia de lei não significa que o funk já foi proibido. Aliás, está bem longe disso acontecer. O que ocorreu foi o seguinte: qualquer pessoa pode ir até o site do Senado e sugerir uma ideia de lei e, se em quatro meses ela receber 20 mil assinaturas, é encaminhada para a relatoria que pode dar andamento à lei ou não.
O jornalista Renato Barreiros, diretor do documentário “O Fluxo” (2014), sobre os bailes funk de rua de São Paulo, e estudioso da Felipe Branco Cruz Do UOL, ironizou a ideia. “Para início de conversa: os principais bandidos do Brasil nunca frequentaram um baile funk. Basta ver as delações premiadas”. “Vivemos em uma época de radicalização em que a população acha que as soluções são fáceis, como simplesmente proibir algo. Não é assim”, continuou. “O funk fala de crime porque ele está inserido naquela realidade. Ele é espelho de um problema social muito maior”.
O funkeiro carioca Mr. Catra, autor de funks proibidões e que lançou nesta sexta-feira (26) o clipe de sua nova (e polêmica) música “Pepeka Chora”, também criticou a proposta. “Eu fico sem reação com alguém simplesmente cogitar a ideia de criminalizar o funk”, reclamou. “O rap americano tem letras muito piores. Em vez de brigar com o funk, por que não briga contra o rap?”, sugeriu.
Ao UOL, o autor da ideia de lei, Marcelo Alonso, 46, afirmou que está democraticamente tentando salvar a juventude. “O funk faz apologia ao crime, fala em matar a polícia. Sou pai de família e se eu não me preocupar com o futuro, amanhã só teremos marginais”, disse ele. Alonso revelou que teve a ideia de criminalizar o funk após o Facebook suspender duas vezes a página que ele mantém na rede social contra o funk. “O Mark [Zuckerberg, criador do Facebook] mandou fechar a minha página por causa das coisas que postamos lá. Mas se o funk for crime, eles vão ter que obedecer, porque é lei.
A cultura paulista sempre foi do rock e do hip hop. O paulista não tem esse apelo musical do funk. A música eleva seu estado de espírito e o funk te irrita e provoca”, finalizou.
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