O Senado adiou para o dia 5 de junho a instalação da CPI das ONGs. Em meio às articulações para a escolha do presidente e do relator da CPI do Apagão Aéreo –que será instalada amanhã no Senado –os líderes partidários abriram o prazo de 20 dias para a indicação dos membros da CPI das ONGs. Somente depois das indicações a comissão poderá ser efetivamente criada.
Autor do requerimento que pediu a abertura da CPI das ONGs, o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) disse que os líderes partidários alegam que precisam de “maior tranqüilidade” para discutir a CPI do Apagão –e somente depois disso poderão voltar as atenções para outra comissão.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ouviu os líderes nesta quarta-feira para discutir a instalação da CPI depois que Heráclito protestou contra a demora para a sua criação. O senador democrata alega a investigação sobre as organizações não-governamentais foi pedida no ano passado –muito antes que o pedido de instalação da CPI do Apagão.
Heráclito disse acreditar que as duas CPIs não vão atrapalhar o andamento dos trabalhos do Senado. “Duas CPIs fazem com que o Senado ande numa velocidade maior. Não há porque se temer nenhum atropelo dentro do Senado”, disse.
O senador acusou a base aliada de retardar a instalação da CPI para evitar novas investigações sobre o governo. O senador Renato Casagrande (PSB-ES), por outro lado, disse que não haverá recuo na instalação da CPI.
“O Senado está sendo cauteloso, mas a CPI está definida”, afirmou. A líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), disse esperar que a CPI não se transforme em “guerra” entre governo e oposição.
Críticas
Renan chegou a afirmar hoje que não vê “sentido” na instalação da CPI das ONGs. Mesmo contrário à dupla investigação no Senado, ele disse que vai cumprir a decisão dos partidos.
“Os líderes entenderam que não era prioridade a instalação da CPI [neste momento] e decidiram dar o prazo de 20 dias para as indicações”, disse Renan.
Se for instalada, a CPI das ONGs terá como foco os repasses de dinheiro público feitos para organizações não-governamentais. A oposição suspeita de repasses irregulares do governo para favorecer ONGs ligadas ao PT de 2003 a 2006.