De 11 a 17 de março, estamos na Semana Nacional do Sono. O objetivo desta campanha é conscientizar sobre a importância de se dormir bem e, caso isto não esteja ocorrendo, procurar o profissional de saúde para se cuidar e melhorar sua qualidade de vida. Sim. Qualidade de vida envolve dormir bem. É sobre isto que venho falar. A importância de se dormir bem.
Muitas vezes nos preocupamos em ter uma alimentação saudável, em fazer atividade física, mas esquecemos ou, pelo menos não damos a devida importância, para dormir com qualidade e em quantidade adequada. Com a vida cada vez mais corrida, tempo é escasso, não é mesmo? No entanto, menos horas de sono significa menos energia diurna, menos rapidez de pensamento, menos desempenho diurno. Vale a pena pensar que seu sono deve ser considerado uma das grandes prioridades na sua vida.
Mas… por que dormimos?
Essas foram duas das 125 perguntas mais intrigantes da ciência publicadas pela revista Science em 2005. Por vários motivos. Podemos citar a liberação do hormônio GH – o hormônio do crescimento – que ocorre durante o período do sono mais ‘profundo’. Aquela velha história de nossas avós de que precisamos “dormir para crescer” é real. Além disso, quem não dorme o tempo adequado pode ter seus níveis de cortisol aumentado, que é um hormônio relacionado ao estresse. Cansaço, fadiga, irritabilidade, dor de cabeça pela manhã, sonolência diurna. Quando falta tempo de sono, o hormônio que promove saciedade (leptina) diminui e aumenta o hormônio que gera a fome (grelina), o que leva a maior ingesta alimentar. Além de tudo isso, pode ocorrer alteração da resposta imune o que, de uma forma geral, prejudica a saúde do indivíduo.
No ranking de quem dorme menos, o Brasil está em terceiro lugar no mundo, perdendo apenas para o Japão e Cingapura, de acordo com uma pesquisa realizada pela revista Science Advances em 2016. Em média, os brasileiros dormem 7 h e 30 minutos por noite. A quantidade de horas necessárias de sono por dia para se sentir bem varia de pessoa para pessoa – existem os curtos dormidores – que se satisfazem com menos de seis horas de sono e os longos dormidores – pessoas que necessitam de mais de nove horas de sono.
Só que… não basta só quantidade. Mas sim qualidade. Há pessoas que dormem uma quantidade de horas adequada, no entanto acordam cansadas, sonolentas, como se não tivesse nem dormido. Há inúmeras causas de má qualidade de sono, mas a que está no topo do ranking é a apneia do sono.
Existem cerca de 70 tipos de distúrbios de sono. Os mais comuns são a insônia e a apneia do sono. Na insônia, a pessoa não consegue dormir em seu período de descanso, o que pode ser relacionada a outras causas como ansiedade e depressão. Já na apneia do sono a pessoa tem interrupções intermitentes da respiração durante o sono, diminuindo a oxigenação dos tecidos. Nem sempre a apneia do sono é fácil de ser identificada. O próprio paciente não percebe as interrupções da respiração durante a noite. Por isso é importante procurar ajuda médica e descobrir a doença.
Para finalizar, seguem algumas dicas para uma boa noite de sono.
Regule seu relógio biológico: estabeleça horas para dormir e acordar;
Crie ambiente favorável: mantenha seu quarto confortável, controlando a temperatura, luminosidade e barulho;
Evite o uso de aparelhos eletrônicos: celular e TV por exemplo. Eles atrapalham seu ingresso ao sono;
Evite consumo de bebidas estimulantes como café e chocolate;
Evite uso de bebidas alcoólicas;
Evite “ruminação” de pensamentos: não é hora de você resolver seus problemas quando vai para a cama!!
Se mesmo assim, seu dia não estiver sendo produtivo, estiver acordando cansado, sonolento, se seu parceiro se incomoda com seu ronco, PROCURE AJUDA!
Sandra Doria Xavier é professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e a médica responsável pelo Ambulatório de Ronco e Apneia do Sono do Departamento de Otorrinolaringologia da Santa Casa de São Paulo. |