Os presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) apresentaram oficialmente suas propostas pela última vez na noite desta sexta-feira (29) antes da decisão final do eleitor no segundo turno das eleições. Em debate realizado pela Rede Globo – que não teve confronto direto entre os candidatos ao Planalto -, um dos únicos momentos mais ásperos ocorreu quando o tucano citou o caso dos “aloprados”, ocorrido em 2006, e a candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva retrucou lembrando os “sanguessugas”. Citada insistentemente durante toda a campanha e nos debates anteriores, o ex-governador paulista evitou citar a ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, e também não ouviu de Dilma nada a respeito do ex-diretor do Dersa, Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto.
Em formato menos estático que os debates realizados anteriormente durante primeiro e segundo turnos, os presidenciáveis se viram obrigados a responder à questões elaboradas por eleitores indecisos que ocupavam as cadeiras do estúdio e a abandonar as tradicionais bancadas.
Ainda no primeiro bloco, Serra criticou a impunidade em casos de corrupção e afirmou que muitas investigações caíram no esquecimento em âmbito federal, sem punição dos envolvidos. Serra citou o caso dos “aloprados”, de 2006, quando petistas supostamente ligados ao então candidato ao governador de São Paulo, senador Aloizio Mercadante, teriam montado um dossiê contra tucanos.
Dilma, por sua vez, citou o caso dos “sanguessugas” (quadrilha que desviava dinheiro para compra de ambulâncias), também de 2006, e disse que, para combater a corrupção, o País nâo pode ter um “engavetador geral da República” (alusão ao ex-procurador geral da República, Geraldo Brindeiro, durante o governo FHC).
“Vimos escândalos de grande porte e não foi ninguém preso, a impunidade floresce. O dinheiro do governo é de todos nós. Tem casos que ainda estão insepultos, que não aconteceu nada, como o caso dos aloprados”, disse Serra.
Na réplica, Dilma afirmou acreditar que nos últimos anos os casos de corrupção começaram a ser apurados com o fortalecimento da Polícia Federal. “É importante investigar e punir, doa a quem doer”, disse. A petista citou a Controladoria Geral da União como um “instrumento importante”, lembrando que foi o órgão responsável pela investigação da Operação dos Sanguessugas.
Educação e salário para o professor
No segundo bloco, a candidata do PT afirmou que para a educação avançar, é preciso haver a valorização do professor por meio de uma remuneração mais adequada. “Não tem como fazer qualidade da educação sem valorizar o professor. Elevamos o salário do professor para R$ 1024. É pouco? É. Mas o professor precisa ser valorizado para ganhar bem”, disse a petista. A presidenciável ainda afirmou que que “é preciso ter diálogo com professores, não recebê-los com “cacetete”.
O candidato tucano José Serra disse que tem experiência na educação, pois foi professor. “A remuneração é fundamental. Em São Paulo, o piso já era mais alto. Muitos Estados e municípios não estão pagando nem o piso”, diz Serra, que citou que a eleitora indecisa que fez a pergunta era da Bahia, governada pelo PT, “partido do governo Federal e nem assim foram feitos milagres”. O tucano disse ainda que, se eleito, irá fazer o Plano Nacional da Educação e um pacto com todos pela educação, “acima das disputas políticas e eleitorais”.
TERRA