As próximas 24 horas vão selar o destino do técnico Andrade no Flamengo. A derrota para o Botafogo por 2 a 1 neste domingo ligou o sinal de alerta em alguns integrantes da diretoria do clube. Mesmo a três dias da partida decisiva contra o Caracas pela Libertadores, a saída do treinador campeão brasileiro não está descartada. Há um certo temor de que o ambiente após perda do título da Taça Rio possa piorar de vez.
Pesam contra Andrade, na opinião dos dirigentes, a falta de pulso para manter algumas decisões, como por exemplo a barração definitiva de Petkovic, e principalmente a ausência de trabalhos táticos nas últimas semanas. Outro ponto que vem incomodando é a postura centralizadora do treinador. Na temporada passada, por exemplo, a forma democrática dele trabalhar, ouvindo vários membros da comissão técnica foi muito elogiada. Questionado na entrevista coletiva no Maracanã, Andrade não parecia preocupado com uma possível demissão:
– Ninguém falou comigo. Aliás é a primeira vez que estou ouvindo isso, você (repórter) é o primeiro que fala comigo sobre esse assunto.
Os dias que antecederam à final da Taça Rio foram complicados para o treinador. Depois do vexame em campo e da briga entre Bruno e Petkovic no vestiário, em Santiago, a chefia do departamento de futebol exigiu uma posição do comandante. Ele respondeu avisando que tiraria o sérvio da relação de concentrados para o clássico. O pulso firme durou somente até o treino de sexta-feira. Andrade voltou atrás depois da reunião que houve entre os jogadores.
Álvaro, que ficou fora da partida deste domingo, foi o mais contundente ao cobrar Pet. Vagner Love e Bruno o apoiaram.
– Seus problemas pessoais estão afetando o time em campo – disse o zagueiro.
Acuado, Pet se defendeu e lembrou a desavença dele com o vice de futebol Marcos Braz:
– Não tenho problemas com o grupo. Meu problema é com a instituição.
Adriano pouco se meteu no papo. Andrade também preferiu observar. Em momento algum, Bruno pediu desculpas pela agressão. A postura hostil contra o sérvio não agrada a todo o grupo. A liderança que Álvaro quer impor, por exemplo, é vista como maléfica por diversos atletas.
– Colocam muita “pilha” errada e alguns jogadores caem. O grupo nunca esteve tão rachado – disse um dos atletas que participaram da reunião.
Justamente por não querer se indispor com o elenco, Andrade está tão ameaçado.
– É como se ele estivesse em um quitinete e corresse da sala para o quarto batendo sempre a cabeça na parede – declarou uma das pessoas que vivem o dia a dia do futebol.
Há o desejo de derrubar a anarquia disfarçada em que se transformou o clube após o título brasileiro. Ao tirarem o Flamengo da fila de 17 anos sem o troféu, os atletas ganharam muito poder. Até demais. No vestiário após a derrota para o Botafogo, Marcos Braz e Patrícia Amorim começaram a avisar, ainda de forma tímida, que as regras do jogo vão mudar. Afinal, como disse a presidente, enquanto as bolas estivessem entrando, tudo bem. Como pararam de entrar, é hora de intervir. Mas pode ser tarde demais. Um empate contra o Caracas, quarta-feira, no Maracanã será suficiente para eliminar o Rubro-Negro. Mesmo se vencer, porém, o time terá que esperar os grupos que terminam na quinta-feira para confirmar a classificação às oitavas de final.
GlobEsp
Eduardo Peixoto e Eric Faria