O secretário de Justiça e Direitos Humanos, coronel Airton Benedito Siqueira Júnior, o coronel Evandro Lesco, ex-chefe da Casa Militar do Estado, o ex-chefe da Casa Civil, Paulo Taques e outras seis pessoas são alvos de mandados de prisão na manhã desta quarta-feira (27), na Operação Esdras, da Polícia Civil.
Também foram expedidos mandados de prisão contra o secretário de Estado de Segurança Pública, Rogers Jarbas, a esposa do coronel Evandro Lesco, o 2º sargento João Ricardo Soler, José Marilson da Silva – que era dono da empresa que desenvolveu o equipamento usado nos grampos. Também foi expedido o mandado de prisão contra o major Ferronato – que não foi cumprido.
As prisões são relacionadas ao esquema de interceptações telefônicas ilegais em Mato Grosso e foram determinadas pelo desembargador Orlando Perri. Os oito alvos devem ser conduzidos para o Fórum da capital.
Evandro Lesco já havia sido detido em junho passado, por meio do Inquérito Policial Militar (IPM) que investiga o caso. Desta vez, ele foi preso pelo inquérito da Polícia Civil.
Paulo Taques também já havia sido preso no início de agosto.
Rogers Jarbas foi alvo da Polícia Civil na última semana e já estava utilizando tornozeleira eletrônica.
Há ainda 15 mandados de busca e apreensão e um de condução coercitiva, cumpridos pela delegada da Polícia Civil, Ana Cristina Feldner.
Outros membros da Polícia Militar de Mato Grosso também estão entre os alvos, incluindo possivelmente até mesmo outros coroneis.
O nome da operação é uma referência ao personagem Esdras ("Aquele que ajuda, Ajudador, Auxiliador"), da tradição judaico-cristã. Ele liderou o segundo grupo de retorno de israelitas que retornaram de Babilônia em 457 a.C.. Descendente de Arão, o primeiro Sumo Sacerdote de Israel, Esdras era escriba entendido na lei de Moisés.
O esquema
Os telefones foram interceptados com autorização judicial. Os documentos pedindo à Justiça autorização para isso foram assinados pelo cabo da PM, Gerson Luiz Ferreira Correia Júnior, numa suposta investigação de crimes cometidos por PMs. No entanto, foram juntados os telefones de quem não era suspeito de crime algum, numa manobra chamada “barriga de aluguel”.
O caso foi denunciado pelo promotor de Justiça Mauro Zaque. Em depoimento encaminhado à Procuradoria-Geral da República, oele afirmou que, naquele ano, ouviu o coronel Zaqueu Barbosa, comandante da PM à época, dizer que as interceptações telefônicas eram feitas por determinação de Pedro Taques (PSDB). Zaque alega ainda que levou o assunto ao governador, que ficou constrangido, mas não fez nenhum comentário.
O promotor ainda afirmou que alertado o governador sobre a existência de um “escritório clandestino de espionagem” por meio de dois ofícios. O primeiro chegou a ser enviado para o Ministério Público Estadual (MPE), mas a investigação foi arquivada por falta de provas.
O segundo ofício, que o governador alega nunca ter recebido, foi protocolado na Casa Civil, mas cancelado no mesmo dia e substituído por outro, conforme apontou auditoria da Controladoria Geral do Estado.
ComRepórterMT