A Secretaria de Segurança do Rio já identificou a participação de policiais na milícia que controla a favela do Batan, na zona oeste do Rio, onde uma equipe de reportagem do jornal “O Dia” foi seqüestrada e torturada. O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, afirmou, porém, que “ainda não é hora” de ocupar a área e prender os criminosos, pois não há provas suficientes para condená-los.
A equipe de reportagem, que ficou mais de sete horas em cárcere privado, não chegou a fazer exame de corpo de delito que comprovasse as agressões. Beltrame admitiu que o fato pode prejudicar o trabalho da polícia, mas disse reconhecer que o medo os levasse a tomar tal atitude. Segundo ele, o problema na coleta de provas contra as milícias vai além disso, pois não há elementos que levem ao flagrante.
“É difícil que uma testemunha concorde em ir a juízo depor em casos assim”, apontou. “Por isso, é um trabalho longo e árduo da inteligência. Não adianta só prender, temos que ter provas para condenar e extirpar essas pessoas da polícia”. O secretário não quis estipular um prazo para prender os envolvidos no crime contra os jornalistas, que viviam na favela havia duas semanas para uma reportagem sobre a ação dos milicianos.
O combate às milícias é uma das prioridades da Secretaria de Segurança. “O miliciano é um marginal ao quadrado, porque usa a estrutura do Estado, a carteira e o emblema da instituição”, disse Beltrame. Segundo ele, o número de comunidades controladas por esses grupos caiu de 122 para “menos de 100” desde o início dos trabalhos. Ele não quis dar detalhes sobre investigações específicas, incluindo a referente às agressões aos repórteres, alegando que poderia atrapalhar os trabalhos.