Illinois – A seca nos Estados Unidos trouxe consequências desastrosas para os produtores rurais norte-americanos. De acordo com o dirigente da Associação de Soja de Illinois, Ken Dalenberg, a média de produtividade do milho nesta safra será menor que 100 bushels por acre, medida usada nos Estados Unidos, convertido equivale a algo em torno de 105 sacas por hectare. Em algumas propriedades no sul do país, este número pode cair pela metade (50 bushels por acre ou 52,5 sacas por hectare). “A situação está bastante crítica. Por causa das condições climáticas plantamos mais cedo”, explicou. Segundo o americano, a última vez que choveu intensamente na região foi em junho do ano passado.
Os Estados Unidos vivem a pior seca dos últimos tempos. Em algumas regiões, como, por exemplo, em Illinois esta situação não era observada há pelo menos 10 anos. A Associação de Soja de Illinois acredita que a expectativa de safra do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) será revisada para baixo. Segundo último relatório do USDA, a safra 2012/13 de milho está estimada em 273 milhões de toneladas. “Neste ano não devemos chegar a dez bilhões de bushels, cerca de 254 milhões de toneladas”, afirmou Ken Dalenberg. Nesta situação, o preço do milho deve, obviamente, continuar alto.
Uma comitiva de produtores da Aprosoja está percorrendo os estados produtores de grãos dos Estados Unidos desde o início da semana. O grupo observou que estes produtores estão preocupados com a situação, mas não desesperados. Isto porque eles pagam por um seguro contra situações extremas, como, seca.
De acordo com o organizador do ‘Intercambio da Soja’, Ricardo Arioli, cada produtor investe cerca de US$ 30 por acre para que, em caso de desastres naturais como uma seca prolongada, o governo retorne um percentual calculado com base no referencial de preço do cereal praticando no mês de fevereiro e também na média de produtividade dos últimos dez anos.
“Ao contrário do Brasil, nos Estados Unidos o seguro agrícola contempla preço e clima e realmente garante segurança ao produtor, para que ele fique protegido contra os dois principais fatores influenciadores na renda”, destacou Arioli.
Em outra fazenda visitada pela comitiva, a dos produtores Don e Louis Wood, a produtividade do milho também está baixa. Eles plantam 700 acres de milho, cerca de 300 hectares, deste total, 80% para venda e 20% para fabricação de ração para o gado. A média, segundo os proprietários, sempre ficou acima de 180 bushels por acre (189 sacas por hectare), mas nesta safra não deve passar de 90 bushels por acre, o que equivale a 94,5 sacas por hectare. Eles também estão protegidos pelo seguro federal.
Outro problema trazido pela seca generalizada nos Estados Unidos, segundo a Associação de Soja de Illinois, é em relação ao transporte de fertilizantes para a próxima safra. Segundo Ken Dalenberg, os rios estão muito baixos e há dificuldade de navegação. Assim, estes insumos precisam ser transportados por ferrovias, que não tem capacidade de absorver mais esta demanda, além do transporte da safra. “Se começar a chover normalmente, a situação dos rios deverá ser normalizada dentro de um ano”, explicou.
SOJA – A soja foi plantada duas semanas antes do previsto nos Estados Unidos. Segundo a Associação da Soja de Illinois, a oleaginosa foi mais resistente à seca, mas estão acontecendo problemas com pragas por causa da falta de umidade. Com as altas temperatura, segundo Ken Dalenberg, houve o abortamento de algumas vagens. Mas as chuvas que caíram nos últimos dez dias fizeram com que as que sobreviveram começassem a produzir.
INTERCÂMBIO DA SOJA – O “Intercâmbio da Soja” aos Estados Unidos é um projeto da Aprosoja cujo objetivo é promover o intercâmbio cultural, social e a troca de experiências entre os produtores brasileiros e norte-americanos. A viagem iniciou no último sábado (25) e os produtores vão percorrer as principais regiões de cultivo de grãos nos Estados Unidos (Illinois e Iowa).
A comitiva é composta por 23 pessoas, entre produtores rurais, colaboradores da Aprosoja e técnicos. O objetivo principal é trocar conhecimentos sobre técnicas produtivas norte-americanas e sobre as soluções de logística desenvolvidas no país.
A programação inclui visita à Bolsa de Chicago, à Universidade de Illinois e Iowa, à entidades de produtores de soja, a fim de comparar as formas de atuação e organização dos americanos, a um porto no rio Mississippi e a várias propriedades rurais.
O grupo participará também da Farm Progress Show, maior feira agrícola dos Estados Unidos, onde terá acesso às últimas tecnologias e equipamentos destinados à produção rural.
Seca nos EUA: comitiva da Aprosoja relata situação das lavouras de milho no país
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